Compra
foi antecipada devido a exigência de nova tecnologia em 2012.
Com motor a diesel menos poluente, veículo ficou até 15% mais caro.
Com motor a diesel menos poluente, veículo ficou até 15% mais caro.
Venda e produção de caminhões estão em
baixa neste ano.
Enquanto os
carros alcançaram recorde de vendas no Brasil, o segmento de caminhões vive um
ano atípico. Os emplacamentos caíram 30,89% em agosto, na comparação com um ano
atrás, de acordo com dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos
Automotores (Fenabrave) divulgados na última terça-feira (04/09).
O mau ano para
esse segmento também foi destaque na divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre deste
ano – que cresceu 0,4% ante o trimestre
anterior. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) considerou um "freio" no crescimento industrial o setor de
máquinas e equipamentos, o que inclui, pela classificação do instituto, a
produção de caminhões.
O comércio
desse tipo de veículo é considerado um termômetro da produção do país, já que a
maior parte das compras de caminhões é voltada para o transporte do que as
fábricas entregam, da produção agrícola e da construção civil.
Em junho
passado, o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, já havia reconhecido o
momento difícil do setor. "O ano passado foi esplendoroso para caminhões.
Agora, o cobertor é curto...".
Ao falar sobre
2011, Menegheti lembra o ano em que as vendas de caminhões tiveram um ritmo
além do normal. Isso porque muitos clientes decidiram antecipar as compras - e,
consequentemente, as montadoras aumentaram o ritmo de produção - para garantir
veículos com padrão anterior ao novo Euro 5, exigido pelo governo brasileiro
para motores a diesel a partir de janeiro deste ano. Em outras palavras, os
frotistas quiseram garantir a compra de veículos mais baratos.
Alta nos preços e demissões
A tecnologia, menos poluente, resultou em significativo aumento de preço para os caminhões. A Ford diz que a alta foi entre 6% e 12%, variando conforme o modelo. A Iveco fala em 8% a 15% e a Scania, em 10% a 15% de alta, destacando que "foi a líder dos emplacamentos de caminhões pesados Euro 5 de janeiro a julho de 2012", com 3.275 unidades, "volume que representou quase 35% do total de 9.275 unidades Euro 5 emplacadas pelo mercado no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam)".
A tecnologia, menos poluente, resultou em significativo aumento de preço para os caminhões. A Ford diz que a alta foi entre 6% e 12%, variando conforme o modelo. A Iveco fala em 8% a 15% e a Scania, em 10% a 15% de alta, destacando que "foi a líder dos emplacamentos de caminhões pesados Euro 5 de janeiro a julho de 2012", com 3.275 unidades, "volume que representou quase 35% do total de 9.275 unidades Euro 5 emplacadas pelo mercado no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam)".
"A maioria
dos frotistas antecipou a compra de caminhões entre o fim do ano passado e
início deste ano. As próprias montadoras passaram a produzir mais em 2011 para
encher os estoques de produtos 'mais acessíveis'", resume Rebeca de La
Rocque Palis, do IBGE.
Os
emplacamentos no segundo trimestre começaram com a queda de 9,19% em abril,
sobre o mesmo período do ano passado, acentuada para 27,6% em junho, na mesma
comparação. A produção ficou 23,4% abaixo de 2011 em abril e chegou à queda de
55,8% em junho, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea).
O ritmo menor
refletiu nas relações de trabalho. Em julho, a Volvo demitiu 208 de 574
trabalhadores temporários no Paraná "devido à significativa queda nas vendas nos primeiros
meses deste ano". Na última sexta, a Mercedes-Benz anunciou que pararia a
produção em São Bernardo do Campo (SP) por um dia, para ajuste
da produção à demanda. A expectativa da montadora é de que o mercado brasileiro
de veículos comerciais sofra queda de 20% nas vendas deste ano.
Ritmo da economia também conta
A previsão da Fenabrave é de que o segmento encerre o ano com queda de 19%, com 139.853 unidades emplacadas contra as 185.534 de 2011.
A previsão da Fenabrave é de que o segmento encerre o ano com queda de 19%, com 139.853 unidades emplacadas contra as 185.534 de 2011.
Para o
economista Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), a baixa na produção
de caminhões não pode ser creditada apenas à antecipação das compras. "[O
setor] tem uma característica que é depender da atividade econômica",
destaca. "Acho que a economia atualmente vende essa ideia de incerteza
total."
Alcides Leite,
da Trevisan Escola de Negócios, concorda que o segmento acompanha muito o
crescimento da economia em si e depende da produção industrial, lembrando que
as compras de caminhões, pelo alto valor, são sempre planejadas com bastante
antecedência, diferente da compra de um carro, por exemplo. "É quase um
bem de capital".
Leite acredita
que, com o aumento de investimentos, incentivados pelo governo, o segmento deve
se recuperar em seis meses.
Na última
quarta-feira (29/08), ao anunciar a prorrogação do IPI para
carros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também divulgou a
decisão do governo de estender para até o final do ano o Programa de
Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, com redução dos juros para a compra
de bens de capital e caminhões de 5,5% para 2,5% ao ano.
Renovação no porto de Santos
O porto de Santos (SP) receberá o programa inicial para a renovação da frota de caminhões no país e, assim, estimular a compra de veículos novos, especialmente por autônomos. O governo estadual prevê financiamento de mil caminhões com taxa zero para os veículos pesados que circulam no porto. As linhas de financiamento serão operadas pela Nossa Caixa Desenvolvimento, com recursos de R$ 45 milhões para equalizar os juros, que seriam de 5,5% ao ano pelo programa Procaminhoneiro.
O porto de Santos (SP) receberá o programa inicial para a renovação da frota de caminhões no país e, assim, estimular a compra de veículos novos, especialmente por autônomos. O governo estadual prevê financiamento de mil caminhões com taxa zero para os veículos pesados que circulam no porto. As linhas de financiamento serão operadas pela Nossa Caixa Desenvolvimento, com recursos de R$ 45 milhões para equalizar os juros, que seriam de 5,5% ao ano pelo programa Procaminhoneiro.
De acordo com
Marco Antônio Saltini, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações
governamentais e institucionais da MAN Latin America, as reuniões com
fabricantes devem começar neste mês e o pagamento poderá ser dividido em até 96
meses.
Segundo ele, os
donos de caminhões que comprovadamente trabalham no porto poderão negociar o
custo de seus veículos como sucata. Dessa forma, cria-se uma garantia de que os
veículos não continuarão em circulação e nem terão peças reaproveitadas por
desmanches.
Saltini
ressalta que os volumes de caminhões comercializados no país neste ano, ainda
que fiquem abaixo de 2011, são significativos e superam e muito os da década de
1990, que eram em torno de 60 mil.
Para o
executivo, o grande desafio é descobrir de quanto é, de fato, o mercado
brasileiro de caminhões em volumes. "Há caminhões comercializados no fim
do ano passado que seguiram para as implementadoras e foram emplacados apenas em
abril, por exemplo. Ou seja, a queda é ainda maior nos últimos meses. Basta ver
pela baixa de 45% na produção", observou o executivo no último Congresso
da Fenabrave, no mês passado, em São Paulo.
Fonte:http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/09/segmento-de-caminhoes-vive-ano-fraco-e-atipico.html
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