28 de setembro de 2012

RETOMADA DA ECONOMIA DEVE ELEVAR VENDA DE CAMINHÕES A


As vendas de caminhões no Brasil devem voltar a crescer em algum momento entre o início do quarto trimestre de 2012 e os primeiros meses de 2013, de acordo com previsão de montadoras e consultores do setor. A partir deste período, a indústria de veículos pesados deverá estar com seus estoques normalizados e se beneficiar da retomada da economia nacional, que em agosto apresentou dados positivos que indicam recuperação. Economia em aceleração significa mais carga a ser transportada pelas estradas, com o segmento de caminhões tendo impacto direto do aumento da demanda por operações de frete.

Em agosto, a economia nacional deu os primeiros sinais de retomada do crescimento. As vendas de papelão ondulado subiram 6,48% em relação a igual mês de 2011, as de cimento aumentaram 7,3% nesta mesma base de comparação e as vendas do varejo cresceram 6,1% na comparação com agosto do ano passado. Sondagem divulgada na semana passada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a produção industrial apresentou alta de 51,1 pontos em julho para 54,7 pontos em agosto, o segundo avanço consecutivo. Nas estradas pedagiadas, o movimento de veículos pesados subiu 4% ante julho, puxado pela regularização dos estoques no setor automotivo,
explicou a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Esses sinais e os estímulos concedidos pelo governo federal para a compra de veículos pesados animam empresas do setor para os próximos meses. "O primeiro semestre foi desafiador para a indústria de caminhões, mas estamos confiantes para este próximo trimestre pois o mercado já sente alguns sinais de recuperação", diz o diretor-geral da Scania do Brasil, Roberto Leoncini. O executivo destaca tanto a redução de juros para a compra de veículos pesados - o do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) caiu para 2,5% ao ano - quanto benefícios voltados ao crescimento de demais setores industriais. "Essa lógica é simples: se há mercadoria a ser transportada, há demanda por caminhões", explicou Leoncini.

A Iveco espera impacto positivo das ações de estímulo apenas no início do ano que vem. "Devido às medidas de estímulo anunciadas recentemente pelo governo federal, nós prevemos que toda a cadeia do setor de caminhões sinta efeitos positivos daqui a quatro ou cinco meses", afirma o diretor comercial da empresa, Alcides Cavalcanti, destacando que esta previsão se aplica tanto para vendas quanto para a produção de veículos.

Para a International Caminhões, marca da norte-americana Navistar, os sinais de aquecimento da economia indicam uma retomada aos níveis normais da produção da montadora, que estava num ritmo mais lento de produção nos últimos meses para adequar seus estoques à realidade do mercado. "O mercado voltou a mostrar sinais de aquecimento, mas como a oficialização destas medidas (redução de juros do PSI) aconteceu no final da semana passada, a International Caminhões acredita que o mercado apresente uma melhora somente em outubro", comunica a empresa, em nota enviada à Agência Estado.

O mercado de caminhões sofre um forte abalo neste ano em decorrência da antecipação de compras de veículos pesados ocorrida em 2011. A partir de janeiro deste ano, as montadoras foram obrigadas a produzir caminhões no padrão EURO-5, com tecnologia que consome um combustível menos poluente.

Os novos veículos saíram das montadoras cerca de 15% mais caros e o caminhoneiro ainda enfrentou um problema de falta de abastecimento com o diesel utilizado nos caminhões recém-fabricados. A insegurança pela adoção do EURO-5 levou o consumidor e as empresas frotistas às lojas para adquirir veículos no padrão antigo (EURO-3) antes que os estoques se esgotassem.

O consultor sênior da Carcon Automotive Julian Semple afirma que dados do nível de produção industrial e de utilização dos pedágios são um termômetro "fiel" da produção e de vendas de caminhões no País. De acordo com ele, muitas das montadoras ainda passam por um processo de ajuste de estoques, mas que "não há dúvidas" de que haverá um aumento das vendas neste segundo semestre estimulado pela retomada da economia e pela colheita da safra de grãos. "Há uma inércia entre a recuperação da economia e a compra de caminhões, então deveremos ver a melhora (nas vendas) a partir de outubro ou novembro", diz.

Já o gerente de Atendimento ao Cliente da consultoria Jato Dynamics, Milad Kalume Neto, acredita que o reflexo do crescimento econômico só será visto nas vendas de pesados a partir de 2013. "Ainda há duvidas quanto à infraestrutura para o caminhão EURO-5 e à manutenção mais cara do veículo. As empresas estão inseguras", explica. "A tendência é a retomada da economia vir a repercutir no mercado de caminhões no começo do próximo ano", diz. "Esse ano será totalmente desastroso, mas em 2013 haverá uma melhora."

 
Fonte: Wladimir D'Andrade - O Estado

Nenhum comentário: