3 de agosto de 2011

Ônibus Zero Km

Num país com dimensões continentais como o Brasil, onde o principal modal de transporte é rodoviário, o mercado de veículos novos sempre recebeu grandes investimentos dos fabricantes e montadoras. Para o caso específico da produção de ônibus, há a união de dois segmentos industriais; o de fabricantes de chassi – que reúne o motor, eixo e câmbio – e as montadoras de carrocerias, que produzem todo o acabamento. Na primeira parte da reportagem especial sobre ônibus zero quilômetro, vamos enfocar a produção de motores e na segunda parte, que será publicada na próxima edição da revista Fretamento, vamos mostrar o mercado de carrocerias.


Há combinações de motores das principais fábricas internacionais com várias carrocerias de empresas brasileiras e multinacionais que disputam o movimentado mercado brasileiro. Para garantir a preferência do consumidor, as empresas investem pesado em novas tecnologias, automação e materiais para garantir conforto, melhor desempenho e economia.

Existe uma grande variedade de opções para o empresário renovar a frota com veículos novos, que é a melhor alternativa apontada por especialistas, pelo desempenho e custo da manutenção. As novidades nesse mercado são veículos que atendem as exigências de sustentabilidade e preservação ambiental, com motores menos poluentes e com fontes alternativas de combustíveis, como o biodiesel e até motores híbridos, elétricos e a diesel.

O crescimento do mercado de modelos rodoviários

No primeiro semestre desse ano, a produção de ônibus novos no Brasil cresceu 4% em relação ao primeiro semestre de 2010. Os modelos de ônibus rodoviários apresentaram grande crescimento com índice de 27%. Por outro lado, os modelos urbanos tiveram aumento de 0,9% no semestre. Mas a fabricação de ônibus urbanos ainda é bastante superior aos modelos rodoviários.

O crescimento da produção e das exportações de ônibus rodoviários indica um aquecimento do mercado do transporte rodoviário e de fretamento, com empresas ampliando e renovando a frota. No primeiro semestre desse ano foram produzidos 22.066 ônibus, sendo 18.875 urbanos e 3.191 rodoviários. As estatísticas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), são referentes a produção de chassi de ônibus nacionais, um mercado bastante disputado entre seis grandes empresas: Agrale, Iveco, MAN/Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania e Volvo.

Na estatística de ônibus novos licenciados entre janeiro e junho de 2011, o ranking das empresas de chassi está com a Mercedes-Benz em primeiro lugar com 7.082 unidades, sendo 1.157 no mês de junho. A empresa vice-líder é a MAN – Volkswagen Caminhões e Ônibus, que licenciou 5.415 chassis. Em terceiro lugar está a Agrale com 2.219 unidades. Em seguida vem a Iveco com 700 unidades, que foi a empresa que teve o melhor índice de crescimento, registrando 221% de aumento nos licenciamentos em relação ao primeiro semestre de 2010. A MAN/Volkswagen teve o segundo melhor crescimento no período, com 54%. A Volvo também apresentou grande taxa de crescimento na produção, com 42%.

Nas exportações, também foi verificada a tendência de aumento nos modelos rodoviários e queda nos urbanos. Os ônibus rodoviários apresentaram crescimento de 35,4% e as exportações de ônibus urbanos registraram uma queda de -20,4% nos seis primeiros meses de 2011. Mas a venda de ônibus urbanos para o exterior ainda é maior, com 2.518 unidades, sendo que os modelos rodoviários tiveram 1.167 veículos exportados no primeiro semestre de 2011.

Tecnologia e Meio Ambiente

A partir de janeiro de 2012 entra em vigor no Brasil a fase P-7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), que equivale a norma européia Euro 5 de níveis de emissão de poluentes para motores diesel. O prazo para a adequação tecnológica das empresas foi determinado de acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente através de resoluções do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). As empresas desenvolveram motores menos poluentes e mais econômicos.

A MAN Latin America utiliza dois tipos de tecnologia para diminuir a emissão de poluentes em até 60% e redução de 7% de consumo do diesel. Os sistemas desenvolvidos são o SCR (Redução Catalítica Seletiva) e o EGR (Recirculação de Gases e Exaustão, em português). Além da menor emissão de poluentes, o EGR também proporciona menor consumo de combustível, baixo ruído e maior intervalo de manutenção. A tecnologia SCR utiliza o composto líquido Arla 32, à base de uréia e água desmineralizada.


A MAN também iniciou nesse segundo semestre uma parceria com a empresa norte-americana de biotecnologia LS9 para testar o biodiesel UltraClean. O produto é feito através da fermentação de açúcares e durante os testes serão adicionados 5%, 10% e 50% ao diesel comum, até o teste com a propulsão do motor em 100% de biodiesel.

A Mercedes-Benz do Brasil vai aplicar a tecnologia BlueTec 5, já utilizada nos motores europeus, para se adequar ao Proconve P-7. O sistema é utilizado desde 2005 na Europa e já passou por três anos de testes no Brasil para ser disponibilizado a partir de janeiro de 2012 no mercado nacional Segundo a montadora, a BlueTec 5 reduz drasticamente a emissão de poluentes, com menor consumo de combustível e excelente desempenho.


Os efeitos de outras tecnologias secundárias apresentadas pela Mercedes-Benz também refletem na redução de consumo de combustível e como conseqüência, menor poluição. O sistema FleetBoard, de gestão de frota através de computador de bordo, pode reduzir o consumo em até 15%, através do fornecimento de dados para análise do comportamento de motoristas, para diagnósticos remotos de falhas e diminuição de custos de manutenção. As informações também podem ser acessadas em tempo real através de aplicativos para iPhone e iPad.

A Iveco também desenvolve aplicativos para acompanhamento de frota através de celulares. Nesse ano a montadora lançou um aplicativo para aparelhos iPhone com informações úteis para motoristas, como localização de postos de combustível, mapas e rotas rodoviárias. O aplicativo usa as informações de GPS sobre as rodovias e pode calcular os preços de viagens, com as informações de consumo do veículo e de pedágios. Em março a montadora anunciou uma promoção com lançamento do GPS MultiConnect já incluído em alguns modelos de fábrica. O roteirizador tem capacidade de arquivar dados de endereços e programar a melhor rota, caminhos mais fáceis e alternativos e até localização de radares.

Já a marca sueca Volvo anunciou que vai começar a produzir ônibus híbridos no Brasil. O chassi 7700 Hybrid é movido a eletricidade e óleo diesel. O chassi tem a configuração 4×2 e em 2012 será feita uma pré-produção, com a previsão de fabricação de 80 unidades. Segundo a fábrica, a tecnologia híbrida da Volvo proporciona economia de 35% combustível e redução de gases poluentes entre 80% e 90%, em relação aos motores convencionais.

O sistema “híbrido em paralelo” funciona com dois motores, um elétrico, que trabalha em baixas velocidades, e um tradicional a diesel, que só entra em funcionamento acima da velocidade de 20 km. Quando o veículo fica parado momentaneamente no trânsito das cidades, em semáforos, os motores se desligam automaticamente e o motor elétrico volta a funcionar quando o motorista pisa no acelerador.

Outro dispositivo da tecnologia funciona quando o freio é acionado e a energia da desaceleração recarrega as baterias para ser utilizada em aceleração. A Volvo também vai entrar no segmento de ônibus semipesados no Brasil e vai investir R$ 10 milhões para fabricar o chassi B270F, com motor dianteiro. A Volvo investe para disputar o mercado de ônibus com motor dianteiro, que segundo empresa é formado por 60% de veículos urbanos e 40% de fretamento e rodoviário.

A Agrale também pesquisa tecnologia para aproveitamento da energia dos freios e lançou o modelo Hybridus. O sistema de propulsores híbridos, denominado ELFA, foi desenvolvido em parceria com a Siemens e utiliza a energia da frenagem que é armazenada e reutilizada nas partidas. Com essa tecnologia o motor diesel precisa ser ligado somente quando houver a necessidade de maior aceleração. Se houver grande capacidade de armazenamento, o veículo poderá ser usado somente com a energia elétrica. O motor diesel também é independente e pode ser acionado independente da velocidade.


Na busca de energias alternativas e combustíveis menos poluentes para motores de ônibus, a Scania foi uma das pioneiras e há 20 produz motores de ônibus movidos a etanol, baseados na combustão de diesel. A empresa considera atualmente o etanol um dos combustíveis renováveis mais econômicos para utilização urbana. A Scania investe na tecnologia de bicombustíveis, e defende a transição gradual para o biodiesel. Em alguns motores da marca, já é permitido o uso de até 100% de combustível Fama, o biodiesel utilizado em motores diesel a base de éster metílico de ácido graxo.

Liderança do Mercado

A maior parte do mercado brasileiro de ônibus é dominada por duas empresas de origem alemã, a Mercedes-Benz e a Volkswagen, que produzem veículos no Brasil há mais de 50 anos. As empresas juntas dominam mais de 75% do mercado nacional de chassi de ônibus. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) em 2010 a Mercedes-Benz teve a participação de 50,23% do mercado brasileiro de ônibus e a Volkswagen registrou 26,36%.

A Mercedes-Benz montou a primeira fábrica no Brasil em 1956 e em 1958 fez o lançamento do primeiro ônibus monobloco do país, o modelo 321H. Em 1966 lançou ônibus monoblocos interurbanos e em 1970 apresentou os modelos com motor traseiro (OH1313) e com motor dianteiro (OG 1313). Já em 1987 desenvolveu um modelo movido a gás natural e em 1998 foi pioneira no lançamento do primeiro chassi com injeção eletrônica no Brasil.

João Luis Garcia é gerente de Produtos da Sambaíba, concessionária da Mercedes-Benz em São Paulo e diz que a fábrica produz grande variedade de modelos para atender as necessidades do maior número de clientes. “É a mais completa linha do mercado, são 18 modelos, desde microônibus até veículos com quatro eixos”. Ela explica que as vendas são fechadas com os clientes que escolhem o chassi e em seguida fecham negócio também com as empresas de carrocerias, que retiram o chassi na fábrica para a montagem do restante do acabamento e depois entregam o produto final ao cliente. João Garcia diz que já estão sendo vendidos os modelos 2011-2012 e que a linha 2012-2012 só estará disponível em janeiro do próximo ano, já com as adequações de redução de poluentes da Fase 7 da resolução do Conama.

A Volkswagen produz automóveis no Brasil desde 1953, época da montagem do primeiro Fusca. Em 1981 surgiu oficialmente a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que garantiu o controle acionário da Chrysler Motors do Brasil, que produzia os caminhões Dodge. Dois meses depois da criação da empresa foi lançado o primeiro caminhão com motor movido a álcool do Brasil. Em 1984 foi lançado o VW 140, primeiro veículo de grande porte movido a gás metano/biogás.

O primeiro chassi de ônibus foi produzido em 1993, chamado Volksbus 16.180. Em 1996 foi inaugurada a fábrica de Resende-RJ para a produção de caminhões e ônibus em um sistema de Consórcio Modular que reúne os fornecedores na mesma linha de montagem. Atualmente são produzidos nove modelos de chassi de ônibus, que são exportados para mais 30 países da América Latina, África e Oriente Médio.

O supervisor de Marketing do Produto / Ônibus da MAN Latin America – Caminhões e Ônibus Volkswagen, Roberto Pavan, respondeu algumas perguntas sobre as características de mercado e produção e estratégias da empresas em busca da liderança:

Como a Volkswagen se situa no mercado de ônibus novos e quais as estratégias para o crescimento?
A MAN Latin America, fabricante dos Caminhões e Ônibus Volkswagen, é vice-líder no segmento de ônibus. Desde 1993, ano de nossa entrada no segmento de ônibus, pautamos nossas atividades em dois pilares principais: Tecnologia e Parceria com o cliente. Como exemplo disso, ressaltamos nosso lineup, um dos mais completos do segmento tendo chassis desde micro-ônibus até veículos rodoviários e também nosso pós-venda. Hoje, como parte de um dos maiores fabricantes mundiais de veículos comerciais, temos acesso a novas tecnologias, o que muito em breve nos proporcionará uma linha ainda mais completa.

Como funciona a produção de ônibus, a empresa fornece os motores para a montagem em outras empresas, ou faz o produto completo?
O processo de venda de ônibus no Brasil tem certas peculiaridades o que o tornam bem diferente quando comparado a países da Europa por exemplo. Enquanto na Europa as montadoras são responsáveis pela fabricação do veículo completo, seja na própria fábrica ou através de parceira com outras empresas, no Brasil, as montadoras são responsáveis apenas pela fabricação e venda de chassis, que se constituem basicamente de longarinas, eixos e trem de força (motor, transmissão e eixo trativo). No Brasil, seguimos as características de mercado e somos responsáveis apenas pela fabricação e venda do chassi, porém vale ressaltar que todos os nossos produtos são desenvolvidos colhendo opiniões de vários “players” do segmento, inclusive fabricantes de carrocerias.

Com está o mercado de ônibus novos atualmente em comparação com anos anteriores?
O mercado de ônibus está bastante aquecido e deve continuar assim pelo menos até o final desse ano. O volume de vendas que até 2005 mantinha uma média anual em torno de 16.000 unidades iniciou um crescimento contínuo a partir de 2006 e fechou o ano de 2010 com 31.000 unidades vendidas. Em 2009, o efeito da crise afetou levemente o volume de vendas, porém prontamente recuperado no ano seguinte. A previsão desse ano é que o mercado chegue a 35.000 unidades.

Sobre os preços, quais as tendências, de queda ou aumento? Há condições especiais para empresas de transportes, como no segmento de fretamento, por exemplo?
Como em todos os produtos, incremento em tecnologia inevitavelmente significa aumento nos preços. Em 2012, entrará em vigor a Fase P-7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), equivalente a norma européia Euro 5, que define os limites de emissões de poluentes para motores do ciclo diesel e para atender aos novos limites será necessária a utilização de dois tipos de tecnologia: EGR e SCR. Independente da tecnologia a ser empregada no veículo é esperado um acréscimo de 10% a 20% no preço em comparação com os modelos atuais. No Brasil, quase que a totalidade dos ônibus é adquirida via Finame, que oferece as mesmas condições para qualquer tipo de operação.

Quais os principais lançamentos e as novidades nesse segmento (veículos mais econômicos, desempenho, menos poluentes, etc.)?
Estamos na fase final do trabalho iniciado em 2008 de desenvolvimento de produtos que receberão soluções tecnológicas para atender às exigências dos novos limites de emissões de poluentes. Todos os modelos foram intensivamente testados e atendem os níveis de NOx e Material Particulado especificadas pelo programa Proconve P-7 (Euro 5). Para oferecer veículos que tragam vantagens para a operação e não só o aumento de custo, devido aos novos motores que reduzem a poluição, trabalhamos nossos produtos para ter melhorias em desempenho e em custos operacionais.

Fonte: Sinfrecar

7 de abril de 2011

Top 10: Carros chineses que invadiram o Brasil

Quando os carros chineses surgiram no meio da década passada, a promessa era de oferecer produtos baratos e bem equipados, uma lacuna que faltava ser preenchida no mercado brasileiro. Os carros de baixo custo aqui, até então, não vinham nem com aquecedor de ar ou desembaçador do vidro traseiro. Até que os chineses chegaram para mudar isso.


10 – Effa M100
Effa M100
O Effa M100 foi um dos primeiros chineses a chegar às lojas brasileiras e ocupou por um tempo o posto de carro mais barato do País, desbancando o Fiat Mille, e isso já com ar condicionado, rodas de liga-leve, vidros e travas elétricos de série. O motor, no entanto, é um arcaico bloco de 1,0 litro que rende apenas 47 cv de potência sendo movido apenas a gasolina. Custando R$ 25.980, o compacto conseguiu emplacar apenas 239 unidades até março, segundo os números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

9 – Lifan 620
Lifan 620
O sedã médio tem a árdua missão de participar de um segmento povoado por Honda Civic, Toyota Corolla e Chevrolet Vectra, entre outros. Só que o segredo do chinês está no preço, R$ 39.980, já trazendo freios ABS, airbag duplo, acendimento automático dos faróis, sistema de som com controle no volante e entrada USB e um motor de 1,6 litro de 106 cv de potência. Mesmo assim, amarga a 13ª posição do ranking da categoria com 194 emplacamentos em 2011, menos do que o descontinuado Volkswagen Bora, por exemplo.

8 – Chery Face
Chery Face
Na onda dos “compacto-premium”, a marca resolveu entrar com o Face que custa R$ 32.990 e já tem ar condicionado, direção hidráulica, airbag duplo e rodas de liga-leve. O motor de 1,3 litro rende 84 cv de potência. Os atributos foram suficientes para que as vendas alcançassem 1.100 unidades, um pouco menos da metade do rival Volkswagen Polo.

7 – Jac J3 Turin
Jac J3 Turin
A versão sedã do J3 foi lançada na semana passada junto com o hatch. Ele traz todos os atributos e defeitos do dois-volumes, mas com um porta-malas de 490 litros. Vem para brigar com Ford New Fiesta e Honda City custando R$ 39.900. No seu primeiro mês de vendas, já emplacou 131 unidades, próximo a um quarto do já estabelecido Renault Symbol.

6 – Chery Cielo Sedan
Chery Cielo Sedan
O Cielo Sedan é concorrente do Lifan 620, mas com um pouquinho menos de sucesso, ao contrário de sua versão hatch. O Chery emplacou 125 carros em 2011, perdendo para o Peugeot 307 que acabou de sair de linha. Por R$ 43.990, o três volumes tem motor de 1,6 litro de 119 cv de potência e porta-malas de 395 litros.

5 – Hafei Towner
Hafei Towner
O comercial leve da Hafei aproveitou uma brecha na lei de patentes e voltou com o nome Towner à ativa. A nomenclatura fez sucesso no início dos anos 90 quando a Asia ainda existia e vendia a van no Brasil. Hoje a Towner continua sendo um monovolume pequeno com versões para carga e passageiros. Os preços começam em R$ 26.990 e o motor é sempre o mesmo de 1,0 litro com 48 cv de potência.

4 – Chery Tiggo
Chery Tiggo
O SUV pequeno veio para beliscar as vendas do Ford EcoSport custando R$ 52.990 e já oferecendo motor de 2,0 litros, freios ABS, airbag duplo, rodas de 16 polegadas e CD player com porta USB. E efeito nas vendas ainda é pequeno, com 957 unidades emplacadas contra as 9.008 do rival da Ford, mas o suficiente para deixar o chinês à frente de Suzuki Grand Vitara (903) e Toyota RAV4 (888).

3 – Lifan 320
Lifan 320
O Lifan 320 talvez seja o exemplo mais claro da estratégia de algumas marcas chinesas para ganhar clientes. O carro é um clone do MINI Cooper e é vendido até com detalhes que remetem ao pequeno inglês, como o teto pintado em cor diferente da carroceria e faixas longitudinais. Mas as semelhanças param por aí. O chinês tem quatro portas, opção ausente no MINI, e motor de 1,3 litro com 88 cv de potência ao custo de R$ 29.980 (o MINI não sai por menos de R$ 80.750. Mesmo custando mais, foram vendidas 604 unidades do Cooper, contra as 498 do seu sósia.

2 – Chery Cielo
Chery Cielo
O hatch médio vai na contra-mão do Lifan 320 e mostrou a cara dos novos chineses. O Cielo foi feito com design exclusivo do estúdio Pininfarina e busca disputar mercado com o mesmo motor de 1,6 litro do sedã de 119 cv de potência. O preço parte de R$ 43.990 e já foram emplacados 409 carros neste ano, ficando abaixo somente das marcas tradicionais no segmento, como Hyundai, Ford, Chevrolet e Volkswagen.

1 – Jac J3
Jac J3
O lançamento do J3 foi, até agora, o de maior impacto. Em apenas um mês de vendas, já foram emplacadas 327 unidades graças a uma intensa campanha publicitária. Nela, é dito que o hatch custa R$ 37.900 e vem completo, já com ar condicionado, airbag duplo, freios ABS, rodas de liga-leve e motor de 1,4 litro com comando de válvulas variável para admissão e que rende 108 cv de potência. Outro mote da propaganda é a inédita garantia de seis anos. Se vai brigar pra valer pelas primeiras posições do ranking de vendas, só o tempo para dizer.

25 de março de 2011

Chevrolet inicia celebração de seu centenário

Há quase cem anos a Chevrolet faz parte da vida de milhões de pessoas. Foi um século de inovação e progresso, desde o primeiro carro esportivo a ser produzido em série até um veículo elétrico revolucionário, o Volt, projetado e construído para operar em qualquer lugar do mundo.


Hoje, um Chevrolet é vendido a cada 7 segundos. Anualmente, cerca de 3,5 milhões de veículos são vendidos em mais de 130 países, tornando a Chevrolet a quarta maior marca do mundo.

Para celebrar tudo isso, a Chevrolet inicia, em 2011, uma série de atividades comemorativas de seus 100 anos de existência, que serão completados em três de novembro. A Chevrolet foi fundada em Detroit, em 1911, pelo piloto de corrida Louis Chevrolet e por William Durant.

Desde o início, a Chevrolet trouxe para a sua linha de automóveis e caminhões mais acessíveis a tecnologia e os dispositivos tipicamente reservados a veículos mais caros. O primeiro Chevrolet – o Serie C Classic 6 – oferecia um motor de partida elétrico e faróis elétricos em uma época em que ambos esses itens eram raridade até mesmo entre os carros de luxo.

Nas décadas seguintes, inovações como sistemas de injeção de combustível, freios antiblocantes e controle eletrônico de estabilidade foram utilizados nos modelos Chevrolet ao mesmo tempo em que eram instalados em veículos mais sofisticados. Como uma das marcas de maior venda na indústria, o pioneirismo da Chevrolet na adoção de tecnologia modificou fundamentalmente a forma com que ela era aplicada em veículos novos.

Em sua trajetória, a Chevrolet também tornou o desempenho mais acessível. Seus primeiros motores de quatro e seis cilindros eram conhecidos pela durabilidade e desempenho. Mas foi o lançamento do bloco V8 em 1955 que tornou a marca mundialmente reconhecida. Este motor seria o propulsor de milhões de veículos nos anos seguintes, com seu legado transferido para uma nova geração de blocos de motor V8 utilizados atualmente nas picapes e utilitários esportivos, bem como nos esportivos da marca, como o Camaro e o Corvette.

As características de desempenho do bloco V8 tornaram a Chevrolet referência nas corridas de carro. Os veículos impulsionados pelos motores da marca tornaram-se concorrentes imediatos na Nascar, Stock Car e em competições de arrancada, crescendo a ponto de dominar o cenário nas décadas seguintes. Entre todas as marcas, a Chevrolet é a que conquistou mais vitórias na Nascar e nas competições da NHRA Pro Stock (arrancada).


Diversos modelos são ícones da indústria americana:
Muitos dos carros da Chevrolet tornaram-se ícones da cultura americana. As aletas aerodinâmicas do Chevy Bel Air 1955 representaram a “Era do Jato”, enquanto o elegante Corvette Sting Ray 1963 é considerado por muitos historiadores automotivos como um dos mais belos veículos já projetados.

Outros modelos Chevrolet geraram um impacto cultural que ecoou durante décadas. O Camaro, lançado em 1967, oferecia excelente projeto e desempenho acessível aos clientes mais jovens. Sua quinta geração, introduzida em 2010, e com clara inspiração no modelo de 1969, tornou-se rapidamente campeã de vendas no segmento. Desde novembro do ano passado, o Camaro está disponível no Brasil, onde já é sucesso absoluto de público e crítica.

No mundo dos modelos utilitários, as inovações de projeto Chevrolet ajudaram a orientar as mudanças e gerar novos mercados na indústria. O Suburban foi lançado em 1935 e continua sendo o modelo com a vida mais longa na história da indústria. O seu conceito de proporcionar maior capacidade para passageiros e carga permanece intacto há 76 anos.

Em 1955, a edição especial do Chevrolet Cameo Carrier introduziu paralamas envolventes pela primeira vez em uma picape. O estilo conferiu ao veículo uma aparência fluida, moderna muito diferente do projeto “step side” – lateral em degrau tradicional das picapes contemporâneas. Em poucos anos, toda a indústria foi transformada. As plataformas de carga leves, que se tornaram conhecidas como “fleetside” eram encontradas em todas as picapes do mercado.


Os primeiros anos da marca:
O franco suíço Louis Chevrolet (1878-1941) era um piloto de corridas, mecânico e engenheiro. William C. “Billy” Durant (1861-1947) era um empreendedor automotivo visionário. Durant fundou a General Motors em 1908. Como a reputação de Chevrolet como piloto de corridas – ele estabeleceu um recorde de velocidade em pista em 1905, atingindo 182 km/h – continuou a crescer, Durant contratou Louis Chevrolet para corridas de alta velocidade e para percorrer trajetos promocionais.

Em 1910, Durant foi forçado a deixar a empresa que fundara, mas não desistiu do interesse na indústria automotiva. Ele se uniu outros sócios, inclusive Chevrolet, para desenvolver um novo veículo. Durant acreditava que a reputação de Chevrolet como piloto de corridas ajudaria a vender o veículo, portanto deu o nome de Chevrolet ao mesmo. A empresa Chevrolet foi fundada em 1911 e o seu primeiro carro, o Series C Classic 6, era um veículo motorizado de grande porte e cuidadosamente manufaturado. Seu motor 4.9 litros de seis cilindros gerava 39 cv e permitia a velocidade máxima de aproximadamente 104 km/h. Era vendido por 2.150 dólares, o que equivalia a quase 50.000 dólares hoje nos EUA, considerada a inflação.

Apesar do preço, o Chevrolet era considerado por seu estilo, precisão e conforto. Durant também estava produzindo um veículo menor mais acessível, chamado Little. As vendas de ambos foram fortes, mas Durant reconheceu a força do campo de modelo de entrada e direcionou a sua empresa naquele segmento. O Chevrolet Series C e o Little foram produzidos até 1913. Em 1914, a plataforma básica do Little foi refeita como o Chevrolet Modelo L e mais tarde naquele ano, o Modelo H foi lançado.

Durant deixou a General Motors em 1920. Ele fundou outra empresa automotiva e tornou-se um proeminente investidor na Wall Street. A crise no mercado de ações em 1929 acabou sendo fatal para ambos os empreendimentos. Ele faliu em 1936, morreu em 1947, e está sepultado no Cemitério Woodlawn, no Bronx, Nova Iorque.

Louis Chevrolet também perdeu a sua fortuna durante a Grande Depressão. Ele retornou às suas habilidades vocacionais e trabalhou como mecânico em uma fábrica Chevrolet em Detroit. Louis morreu em 1941 e foi sepultado em Indianápolis, perto da famosa pista de corridas onde moldou a sua reputação como piloto de corridas e mecânico inovador.


Chevrolet Volt: o futuro já chegou:
O Chevrolet Volt redefine o significado de automóvel. Ele é o primeiro veículo elétrico produzido em massa no mundo com autonomia estendida, permitindo rodar até 600 quilômetros. Ele oferece todas as vantagens de um veículo elétrico sem as limitações de autonomia associadas a outros modelos do mercado – expandindo os limites do desempenho e da eficiência. Ele é um exemplo da herança da Chevrolet no lançamento de tecnologia avançada.

Este ano, a Chevrolet lança o novo Sonic na América do Norte. No próximo ano, o Spark chega à América, trazendo o espírito Chevrolet a um novo segmento crescente de veículos menores, altamente eficientes, mas que oferecem grande prazer em dirigir. A Chevrolet está explorando uma gama de conceitos e segmentos de novos produtos, aproveitando o momento gerado pelo sucesso recente do lançamento de produtos, para posicionar sua linha dentro de uma faixa mais ampla e diversificada de clientes.

O Cruze, o Sonic e o Spark são produtos da presença global da Chevrolet no mundo. Na verdade, o emblema da “gravatinha dourada” é visto em mais de 130 países e a Chevrolet está alavancando sua presença global para desenvolver produtos apropriados aos gostos e necessidades locais, ao mesmo tempo em que oferece estilo, valor e desempenho que são marcas registradas. Os procedimentos de desenvolvimento compartilhados entre a engenharia e os centros de projeto no mundo ajudam a proporcionar melhor desempenho, maior segurança e veículos mais eficientes. O Cruze, por exemplo, lidera o seu segmento com 10 airbags e a versão Cruze Eco oferece no seu segmento, a melhor economia de combustível em pista, estimada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) que é 17,7 km/l.

A Chevrolet inicia o seu segundo século com um grande momento. Os próximos 100 anos verão a Chevrolet recriar o automóvel para complementar as necessidades das sociedades em desenvolvimento e os diferentes recursos – tudo isso com sua marcas de estilo, desempenho e valor.


Inspiração no papel de parede de hotel ou anúncio de jornal?
Chegar a 100 anos é uma tarefa para poucos, ainda mais ser representada por um símbolo reconhecido mundialmente, a famosa logomarca em forma de gravata borboleta. A Chevrolet e sua conhecida gravata evoluíram com o passar dos anos, mas sempre significaram tecnologia e modernidade aos veículos que estampavam e estampam este símbolo.

“Os emblemas dos automóveis são mais do que simples símbolos de identificação das marcas. Na Chevrolet, a sua gravata borboleta traz diversos aspectos da sua história embutidos, capazes de aguçar a curiosidade dos apaixonados por carros. Ela é a identificação do modelo, o seu brasão, é o ‘DNA’ da Chevrolet.

Há duas versões, digamos, verdadeiras, a respeito da origem da gravata da Chevrolet, ambas surgidas em 1908. A primeira delas diz que o piloto suíço Louis Joseph Chevrolet se inspirou em um papel de parede do quarto de hotel onde se hospedou em Paris para criar a marca. Entretanto, a mulher dele, Suzanne Treyvoux Chevrolet, contou, tempos depois, que o marido teria se baseado em uma figura impressa em um suplemento de jornal na França.

Independentemente da real versão, o importante é que a gravata da Chevrolet foi incorporada, inicialmente, ao modelo Classic 6 em 1914. Mas a marca Chevrolet já havia sido incorporada a General Motors de William Durant, seu fundador, em 1911 – daí o centenário ser comemorado em 2011.

Hoje, a gravata da Chevrolet é dourada, imponente e estampa a grade frontal de todos os veículos da marca produzidos a partir de 2003. Mas nem sempre foi assim: o símbolo da Chevrolet já foi azul, vermelho e até preto.

O primeiro emblema da gravata borboleta era azul e estampava os veículos fabricados desde 1914 até meados 1930. Durante os anos 30 até os anos 60, a gravata dos veículos era montada em várias combinações imagináveis, variando na horizontal e vertical, em ouro ou em vermelho e azul. Gravatas dentro de escudos elaborados foram também usadas durante este período.

De 1969 a 1977, apesar de ter predominado a gravata azul sólida, outras cores foram usadas, como prata e dourado:
Em 1986, um símbolo na cor vermelho apareceu no capô dianteiro do Fórmula Indy V8, equipado com motor da General Motors. Esses bólidos foram destaque nas temporadas da categoria norte-americana nos anos 80 e 90. Graças à F-Indy o vermelho transformou-se em símbolo de desempenho, de velocidade. Sendo assim, foi a tonalidade predominante nas logomarcas dos carros de alto desempenho da Chevrolet, tais como o Camaro, Corvette e etc.

Dos anos 70 aos anos 2001, a Chevrolet usou uma série de cores e tipos de gravata para, estrategicamente, classificar suas famílias de veículos, da seguinte forma:
• Azul sólido – para carros de passageiro (exceto Cavalier, cuja a logomarca era vazada com a borda azul).

• Ouro sólido, contrastando com a borda preta – para caminhões, picapes e utilitários esportivos.

• Borda vermelha – para veículos de alto desempenho

• Borda azul – símbolo de toda Divisão Chevrolet

A partir de 2002, a General Motors decidiu padronizar a gravata borboleta, tanto na forma, quanto na cor e textura, que se tornou o “DNA” global da Chevrolet. E foram duas gerações, sendo a primeira utilizada no SSR 2003. No Brasil, o SSR foi exibido no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, de 2006.

A primeira geração da gravata dourada já seguia o padrão de “Efeito Jóia”, uma aparência de maior brilho à logomarca, que remete à imagem de maior qualidade e robustez a toda uma família de veículos.

Em 2009, a gravata dourada evoluiu novamente, cuja superfície ganhou uma textura mais acetinada e com as bordas cromadas e mais largas, a fim de reforçar ainda mais logomarca.


Marcos da Chevrolet:
1911 – A Chevrolet é fundada e o Série C Classic 6 é lançado, ao preço de 2.150 dólares.

1914 – O logotipo icônico da Chevrolet, a “gravatinha” é utilizada pela primeira vez. O Modelo H é lançado com o robusto motor de quatro cilindros que ajuda a construir a reputação do Chevrolet como um carro confiável. O motor seria o propulsor dos Chevrolets até 1928.

1916 – O Modelo 490 é lançado. Ele recebeu o nome do respectivo preço 490 dólares, que era 5 dólares abaixo do Modelo T.

1918 – A Chevrolet torna-se uma divisão da General Motors. Os primeiros caminhões Chevrolet foram lançados; um baseado no chassi do Modelo 490 e um chassi de 1 tonelada para serviço pesado.

1929 – Um novo motor de seis cilindros com válvulas no cabeçote é lançado e comercializado como “o seis ao preço de um quatro.” Os seus salientes parafusos de cabeça fendida conferiram ao motor o apelido de “Stovebolt” – um nome que simboliza a rigidez e a durabilidade Chevrolet.

1935 – A Chevrolet lança uma suspensão dianteira independente. O Suburban é lançado, oferecendo três fileiras de bancos e amplo espaço para carga. Completa o seu 76º aniversário em 2011 e é o veículo mais antigo produzido continuamente na história automotiva.

1942 – A Chevrolet interrompe a produção de veículos para uso civil e dedica as suas instalações de produção à fabricação de armamentos para a 2ª Guerra Mundial.

1953 – O Corvette é lançado. Somente 300 carros esportivos com carroçaria em fibra de vidro são produzidos naquele primeiro ano, mas eles se tornam um ícone americano que ainda permanece forte quase 60 anos mais tarde.

1955 – O small-block V8 é lançado na linha Chevrolet 1955 redesenhada, despertando em uma nova era de desempenho acessível e estabelecendo um legado que continua até hoje na família “LS” de blocos V8 montados nos caminhões, utilitários pequenos e esportivos da Chevrolet.

1956 – O “Dinah Shore Chevy Show” é lançado como um show de televisão com duração de uma hora, com Shore cantando “See the USA in your Chevrolet – Veja o Mundo em seu Chevrolet” ao final de cada apresentação. O show durou mais do que os 15 minutos anteriores de programação e ela foi a primeira mulher a patrocinar o seu próprio show de televisão. Shore havia cantado “See the USA” desde o início dos anos 50 e a canção foi utilizada pela propaganda da Chevrolet após o encerramento do show de Shore em 1963.

1957 – A injeção de combustível é oferecida pela primeira vez.

1960 – Junior Johnson vence as 500 milhas de Daytona em um Chevy, a primeira das 21 vitórias Chevrolet na competição premier NASCAR – mais do que qualquer fabricante.

1964 – O Chevrolet Malibu é lançado.

1967 – A primeira geração do Camaro é lançada, oferecendo uma ampla gama de opcionais de personalização, bem como motores de alto desempenho que imediatamente iriam se estabelecer como um “muscle car” para competição.

1970 – Bill “Grumpy” Jenkins venceu a primeira competição NHRA Pro Stock em Winternationals, pilotando um Camaro.

1975 – O mote “Baseball, Hot Dogs, Apple Pie and Chevrolet – Baseball, Cachorro Quente, Torta de Maçã e Chevrolet” é lançado.

1986 – O Corvette é o primeiro Chevrolet com freios antiblocantes, um dispositivo que logo seria difundido em quase todos os modelos Chevrolet.

1990 – O Corvette ZR-1 venceu um trio de registros de desafio de velocidade, incluindo a média de mais de 175 mph (280 km/h) em 24 horas (incluindo os pit stops).

1991 – A campanha publicitária “Like A Rock” é lançada para as pickups Chevrolet , com a canção de Bob Seger com o mesmo nome utilizado como sua base. A campanha foi mantida até 2004 e foi considerada como uma das mais bem sucedidas da indústria automotiva.

1992 – A Chevrolet comemora 1 milhão de Corvettes produzidas.

1994 – Jeff Gordon vence a corrida inaugural Brickyard 400 NASCAR em Indianápolis, dirigindo um Chevrolet Monte Carlo.

1997 – O small-block V8 de terceira geração – designada por entusiastas família de motores “LS” – debutou no redesenhado Corvette.

2007 – “Transformers” é um sucesso de bilheteria e lança o Bumblebee, um personagem que se transforma em um Camaro amarelo.

2011 – O Volt é lançado, marcando o início de uma nova era de veículos elétricos.
Fonte: Rede Notícias

18 de fevereiro de 2011

Top 10: importação de luxo

Há cerca de 20 anos, seria impossível redigir esta lista. Isso porque somente no início dos anos 90 (apesar de este processo ter acontecido no século passado, é um fato bastante recente...), o Brasil passou a oferecer veículos importados nas concessionárias. A era Collor inaugurou uma nova realidade na indústria automotiva, uma vez que modelos da Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford passaram a dividir espaço com carros de montadoras de origem asiática e europeia.


Para se ter uma ideia, atualmente, 23,5% do mercado nacional de veículos é formado por carros importados. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em 2005, esse porcentual correspondia a apenas 5%. A maior parte deste total é formada por modelos de luxo (apesar de muitos veículos mais acessíveis, como Volkswagen SpaceFox e Kia Picanto, também virem de fora). Confira, então, a lista dos dez importados de luxo mais vendidos no Brasil em 2010, considerando apenas as marcas que não produzem carros por aqui.

1. Mercedes-Benz Classe C – 3.975 unidades*

Nesta lista dos dez modelos trazidos por importadores, o sedã da Mercedes-Benz foi o mais vendido no Brasil em 2010, com quase 4.000 unidades. O sedã, que possui quase três décadas de história, recebeu um facelift, mostrado na última edição do Salão de Detroit. Atualmente, o Classe C é vendido nas versões Classic, Avantgarde e Sport, além da configuração perua.

2. BMW Série 3 – 3.324 unidades
Junto do Mercedes Classe C e do Audi A4, o BMW Serie 3 forma o trio de sedãs alemães mais vendidos no Brasil. O modelo, que já tem bons anos de história, é vendido nas configurações sedã, conversível e cupê, com motores de seis e quatro cilindros.

3. Land Rover Freelander – 2.580 unidades
Apesar de carregar o DNA aventureiro da Land Rover, o Freelander é o mais urbano da linha da montadora inglesa. Isso porque, apesar de o utilitário ter um motor de 3,2 litros e a tração 4x4, é comum ver um desses rodando no asfalto e em meio ao trânsito.

4. Volvo XC 60 – 1.549 unidades
O lançamento do XC60 por aqui, durante o Salão do Automóvel de 2008, foi um importante passo para a Volvo no País. O SUV esportivo possui um design futurista, que passa longe daquela imagem de que todo Volvo tem “aparência quadrada”.

5. Audi A4 – 1.291 unidades
Engana-se quem pensa que o A3 é o Audi mais vendido no Brasil. O ícone esportivo dos anos 90 perdeu espaço para o sedã A4, que lidera as vendas da marca alemã no mercado nacional. A linha possui duas ofertas de motorização, a 2.0 e a 3.2, com potência que passa dos 180 cv.

6. Porsche Cayenne – 514 unidades
Hoje em dia, é comum ver um desses pelas ruas, principalmente se for em bairros descolados das grandes cidades. A impressão que se tem, portanto, é que há muitos deles desfilando por aí, mas a verdade é que é impossível passar despercebido com um Cayenne. Logo mais, o grandalhão da Porsche ganhará um irmão menor, chamado Cajun.

7. Jaguar XF – 63 unidades
O XF foi o divisor de águas na história da marca inglesa. Até 2007, quando foi mostrado pela primeira vez, a Jaguar era conhecida pelo seu tradicionalismo. Não que isso tenha sido deixado de lado, mas a partir de então, ela bebeu na fonte da juventude e passou a desenhar seus modelos com mais agressividade e esportividade. O resultado foi que abocanhou um novo perfil de clientes, o de jovens abastados .

8. Ferrari California – 22 unidades
Um dos esportivos mais bem sucedidos da linha Ferrari e o modelo da marca italiana mais procurado no País. O conversível, lançado no Salão de Paris de 2008, é equipado com um motor V8 de 4,3 litros e por R$ 1.350.000 é possível levar um para casa. Se você achou caro, fique sabendo que é o modelo mais barato da Ferrari.

9. Maserati GranTurismo – 20 unidades
A enorme grade na dianteira faz lembrar um tubarão. Junto do resto da carroceria, as grandes rodas compõem um visual pra lá de esportivo. O GranTurismo, disponível na versão “comum” e apimentada S, foi desenhado em parceria com o estúdio Pininfarina e lançado no Brasil em 2008.

10. Lamborghini Gallardo – 14 unidades
Por baixo do capô, o Lamborghini Gallardo traz nada menos que um motor V10. Em valores, está perto da Ferrari California, ao preço de R$ 1.400.000. A importação oficial da marca ao Brasil começou no ano passado e, pelo visto, já começou a render bons frutos à marca italiana, com 14 unidades emplacadas em 2010.

(*Dados da Mercedes-Benz e da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores)
JLS/2011

17 de fevereiro de 2011

RETROSPECTIVA 2010: Considerado o Ano do Ônibus no Brasil, 2010 foi apenas uma mostra do que vem por aí

Maior participação do Brasil no Exterior, os mega eventos esportivos, negociações milionárias, novos produtos e licitações surpreendentes fizeram parte do setor neste ano.

 O ano de 2010 foi um dos melhores de toda a história da indústria brasileira. Segundo a Anfavea mais de 40 mil ônibus foram produzidos.

O ano de 2010 vai embora, mas deixa marcas com reflexos por longos anos no setor de transportes urbanos e rodoviários por ônibus.
Várias novidades fizeram parte do cenário de operadoras, poder público, fabricantes e da população que depende deste meio de transporte, que por muito tempo ainda será a principal forma de mobilidade coletiva do País.
Relatar todas elas seria uma tarefa quase impossível, mesmo porque, os transportes são extremamente dinâmicos e inseridos em contextos locais e no panorama nacional.
Além disso, a leitura se tornaria cansativa.
O objetivo desta retrospectiva especial é abrir a discussão para alguns cenários, por áreas de atuação: Indústria, Negócios e Operação. Tais fatos decorridos neste ano, podem nos dar uma noção do que vem por aí. Embora que num ramo tão grande como este, surpresas agradáveis ou não, podem acontecer.

INDÚSTRIA
Busscar: empresa foi o destaque negativo de 2010. Afundada em dívidas, com problemas operacionais e sem receber os créditos do IPI do governo, encarroçadora que atua desde os anos de 1940, paralisou a produção em 2010, só retomando no final do ano.

Busscar: empresa foi o destaque negativo de 2010. Afundada em dívidas, com problemas operacionais e sem receber os créditos do IPI do governo, encarroçadora que atua desde os anos de 1940, paralisou a produção em 2010, só retomando no final do ano.
Apesar de o terceiro trimestre de 2009 ter esboçado uma reação positiva na produção de ônibus no País, o início de 2010 foi mesclado por boas perspectivas e muitas dúvidas.
A economia global ainda se recuperava de uma crise, que teve como seu ápice o anúncio, em setembro de 2008 da quebra do banco Lehman Brothers, o segundo maior banco de investimentos dos Estados Unidos, fundado há 158 anos.
Por ser carro chefe da economia global, os Estados Unidos em dificuldades representam estagnação e crise para o resto do mundo.
Apesar de ser desqualificada pelo governo brasileiro, que apelidou os efeitos de marolinha, a crise chegou sim ao Brasil. É fato que o País se saiu bem e recuperou-se bem antes do que o previsto.
Entre os efeitos da crise no Brasil, a desconfiança para investimentos foi que predominou. A insegurança era grande, principalmente na questão dos juros que corrigem os financiamentos.
Com a confiança parcialmente recuperada, a economia de forma gradual começou a aquecer-se.
Por depender de investimentos altos, o setor de produção e venda de ônibus refletia estas situações mais sensivelmente.
A boa surpresa do último trimestre de 2009 ensejava que 2010 poderia ser promissor.
Mas um fato lamentável ocorria logo no início do ano. A Busscar, uma das mais tradicionais fabricantes de carrocerias de ônibus, tornava públicas suas dificuldades financeiras, parando a produção e colocando em risco milhares de empregos.
Uma gestão com problemas, questões administrativas internas, o não repasse dos créditos do IPI pela Fazenda Nacional e as restrições impostas pela BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social foram alguns dos ingredientes para a crise na encarroçadora que atua desde 1949.
A ausência da Busscar foi sentida pelo mercado, tanto positiva como negativamente.
As mazelas ficaram por conta da insegurança no setor, pela situação delicada dos funcionários e pela credibilidade sobre os critérios de financiamento e socorro pelo BNDES. Os tradicionais frotistas de Busscar, como Gontijo e Grupo Santa Cruz tiveram de mudar seus planos de renovação de frota e sua programação de estoque de peças. Especulou-se ao longo do ano que estes grupos poderiam se apresentar numa eventual venda da Busscar.
Mas as concorrentes vibraram com as dificuldades enfrentadas pela empresa de carrocerias de Santa Catarina.
A Caio, há muitos anos líder no segmento de carrocerias urbanas, viu sua demanda crescer a tal ponto que as filas para alguns modelos, como o Apache Vip II, extrapolaram 3 meses. Foram 9 mil carrocerias Caio, aproximadamente, produzidas pela Caio em 2010.

Várias encarroçadoras desenvolveram produtos avançados e inovadores. A crise da Busscar também colaborou para o sucesso de alguns modelos, como os da Geração 7 da Marcopolo.

Várias encarroçadoras desenvolveram produtos avançados e inovadores. A crise da Busscar também colaborou para o sucesso de alguns modelos, como os da Geração 7 da Marcopolo.
Mas sem dúvida, a Marcopolo foi a grande beneficiada. Isso porque a participação da Busscar era maior no setor de carrocerias rodoviárias, justamente a área de predominância da Marcopolo.
A Geração 7 da encarroçadora gaúcha trouxe inovações tanto de tecnologia, segurança, conforto e design, sendo um dos mais bonitos e bem planejados modelos, mas a crise da Busscar deu uma grande ajuda para os Viaggio e Paradiso G 7 dominarem as paisagens urbanas, com os ônibus de fretamento, e as de estrada, com os rodoviários.
Assim foi possível ver os modelos desde as mais simples versões, com motor dianteiro, até verdadeiras naves sobre rodas, com toda tecnologia embarcada, contando com computadores e bordo e de operação, DVDs, ar condicionado mais potente e sistemas de frenagem e suspensão que tornam qualquer viagem de ônibus iguais ou mais prazerosas que de carros.
Para se ter uma idéia entre janeiro e outubro de 2010, a Marcopolo contabilizou a venda de 2,6 mil unidades de diferentes versões dos modelos Viaggio e Paradiso da Geração 7. No geral, a Marcopolou encarroçou aproximadamente 6 mil ônibus em 2010.
As chamadas “menores” ficaram maiores com a situação da Busscar e, principalmente pelo aquecimento do ritmo da economia.
A Mascarelo, a mais novas da empresas do segmento, encarroçadora do Paraná, estima fechar 2010 com crescimento de cerca de 20%, o que representam 2,4 mil unidades produzidas neste ano que está terminando. Além disso, um pouco da tradição e experiência da Busscar está agora na paranaense, que contratou uma série de profissionais, principalmente engenheiros e área de criação, da encarroçadora que enfrenta dificuldades.
Os modelos Roma 330 e 350 e GranMini foram destaques da empresa.
A Comil, empresa do Rio Grande do Sul, mostrou também que quer crescer por conta própria, mas que vai aproveitar a lacuna deixada pela Busscar.
Na metade do ano apresentou uma nova versão do modelo Campione, nas categorias 3.25, 3.45 e 3.65.
O ônibus sofreu uma reformulação estética e funcional para ganhar mercado mesmo e não só para manter a Comil no patamar que estava. Além de iluminação de Led, peso inferior, as lanternas e outros conjuntos são padronizados independentemente da categoria, o que facilita a manutenção e o estoque de peças, barateando os consertos e flexibilizando os processos de substituições de componentes para o frotista que comprou mais de uma categoria do Campione. Os para-choques também foram padronizados tanto para modelos com motor dianteiro como para os de motor traseiro.
A Comil estima venda de 2,7 mil carrocerias.
A notícia alentadora para os admiradores, trabalhadores e para a imagem e economia brasileiras no setor de encarroçamento foi dada em novembro, quando a Busscar, mesmo que lentamente começou a retomar a produção. Mas o futuro da empresa ainda gera dúvidas.

O mercado de chassi foi bem agitado em 2010. Vários modelos para diferentes aplicações foram lançados, mas os ônibus com motor dianteiro ainda dominam o mercado
O mercado de chassi foi bem agitado em 2010. Vários modelos para diferentes aplicações foram lançados, mas os ônibus com motor dianteiro ainda dominam o mercado
Obviamente que, se o mercado para carrocerias está aquecido, o de chassis também. Afinal, as carrocerias para virarem ônibus precisam ser fixadas numa plataforma.
De acordo com dados da Anfavea, no acumulado dentre janeiro e novembro de 2010, foram produzidos 43.549 ônibus ante 32.405 unidades em 2009, o que representa aumento de 34,4% neste período.
Por uma questão histórica de demanda e perfil de transportes, os urbanos são a grande maioria dos ônibus no Brasil. Destes 43.549 veículos de transportes de passageiros, 38.250 são urbanos e 5.299 com características rodoviárias.
Apesar da grande diferença entre os urbanos e rodoviários, os “ônibus de estrada” foram o que mais tiveram crescimento de produção entre janeiro e novembro de 2010, em comparação a igual período de 2009: elevação de 36,3%. De janeiro a novembro, os ônibus urbanos registraram crescimento de 34,1%.
Estes números mais uma vez mostram como a produção de ônibus (chassis e carrocerias) é atuante e reflexo da macroeconomia.
Uma economia geral mais aquecida significa obviamente uma intensidade maior de atividades. Para que estas atividades sejam realizadas, o nível de emprego aumenta. Com mais empregos, o consumo é maior, gerando mais atividades e mais empregos. Com o número de trabalhadores ampliado, são necessários mos deslocamentos. As empresas operadoras têm de aumentar o número de carros e renovar as frotas, o que, logicamente, aquece a produção de carrocerias e chassis.
Todo este ambiente foi favorável para a apresentação de novos modelos.
No setor rodoviário de grande porte, as montadoras capricharam e mostraram que o segmento terá tanto futuro que vale a pena investir altas quantias em desenvolvimento de produtos.
Em junho, a Mercedes Benz do Brasil apresentou o O 500 RSDD, chassi com 4 eixos para aplicações rodoviárias de longa distância ou para turismo. Com potência variando entre 360 cavalos e 420 cavalos, o O 500 RSDD se mostrou como o primeiro produto deste porte a concorrer com o tradicional K 420, da Scania, que já tinha essa configuração de 4 eixos.
No mês de agosto foi a vez da Volvo do Brasil também apresentar seu 8 X 2, deixando o mercado de ônibus com 4 rodas e 12 pneus ainda mais acirrado. O Volvo B 12 R – 8 X 2 foi apontado pela montadora de origem sueca como uma opção mais leve para veículo robusto. A potência do motor fica na faixa dos concorrentes.
Se as montadoras optaram por produzir um veículo deste porte, antes feito por uma única fabricante, é porque há ou haverá demanda suficiente.
È evidente, no entanto, que por mais que exista esta procura, o número de ônibus deste porte é baixo perante o de veículos mais leves. Ocorre que e uma forma de as fabricantes consolidarem suas marcas no mercado e acima de tudo, ganharem bastante dinheiro. Afinal, o que os poderosos 8 x 2 não têm em números grandiosos de venda, têm em valor agregado. São ônibus extremamente modernos, dotados de sistemas automáticos, elétricos, pneumáticos e computadorizados de operação, segurança, conforto e gestão. E o frotista que compra um ônibus desse pensa em se destacar no seu nicho vencendo a concorrência, não só contra outras empresas de ônibus e carro, mas também em relação ao crescente, mas limitado setor aéreo.
Novidades como estas chamam a atenção no setor de produção, encarroçamento e operação de ônibus, mas são os famosos motores dianteiros que, apesar das críticas, ainda ditam as ordens.
Para o destaque dos motores frontais há dois cenários. Um que diz respeito às disparidades regionais e de relevo do País.
Por mais que a indústria de ônibus brasileira faça produtos cada vez mais personalizados, não tem como atender precisamente a todas as necessidades. Os ônibus de motor dianteiro são apontados pelos frotistas como universais. Se rodam em trajetos de relevo difícil, trafegam facilmente por estradas e vias urbanas com melhor estrutura.
Mas o reinado dos “ônibus frontais” se explica mesmo por questões de conveniência dos empresários: o preço de aquisição é menor, a manutenção é mais barata e pela grande procura, que se explica pelos fatores já citados, sua revenda é bem mais fácil e lucrativa.
De olho neste filão que só cresce, apesar de muitos contestarem o conforto oferecido pelos ônibus de motor na frente, as montadoras não tiveram dúvidas em oferecer produtos deste tipo.
Concomitantemente ao lançamento do O 500 RSDD, a Mercedes Benz do Brasil também apresentou, no meio do ano, o chassi OF 1730, destinado para serviços rodoviários de pequenas e médias distâncias e para o setor de fretamento e turismo, que devem se expandir nos próximos anos.
Muitos frotistas rodoviários e de traslados locais, que antes não tinham o hábito de transportar pessoas com ônibus de motores dianteiros, aderiram aos modelos pela facilidade operacional e baixo custo.
O lançamento da Mercedes Benz não deixou se ter sido uma resposta, para não perder a liderança em todos os segmentos do mercado, às ameaças da Volkswagen, quem em 2009 apresentou o 17-260 EOD, e da Scania, que no mesmo ano reativou sua linha de dianteiros, com o F 230 e F 270.
Mas com certeza, o que surpreendeu o mercado de motores dianteiros foi a notícia de que a Volvo pode entrar neste segmento a partir do ano que vem. O Volvo B 260 F (ou B 270 F) já têm até destino: para duas empresas do Paraná. São dois chassis que receberão carrocerias Marcopolo Viaggio Geração Sete 900 e Marcopolo Viaggio Geração Sete 1050.
Em relação aos motores dianteiros para uso preferencialmente urbano, nenhum lançamento específico, mas o Mercedes OF 1722 M e o Volkswagen 15-190 receberam aperfeiçoamentos.
De olho nos projetos e obras dos BRTs, corredores modernos de ônibus rápidos, que devem ser implantados até a realização dos grandes eventos esportivos que o Brasil vai sediar em 2013 (Copa das Confederações), 2014 (Copa do Mundo) e 2016 (Olimpíadas no Rio de Janeiro), as montadoras criaram divisões e produtos específicos para esta modalidade de transporte por ônibus.
Normalmente, os BRTs contam com ônibus alta capacidade e grande porte, como os articulados e biarticulados.
A produção dos biarticulados ainda se concentra na Volvo, mas, vendo o real crescimento que vem ocorrendo no segmento de urbanos pesados, “novas” fabricantes neste nicho já apresentaram protótipos. É o caso da Volkswagen /MAN, estreante em genuinamente articulados no Brasil, que apresentou já no final do ano, a ser produzido em 2011, o 18-320 EOD articulado.
Todos estes lançamentos refletem o bom momento econômico do setor e de maneira geral. Mas atribuir somente ao crescimento econômico esta fase da indústria de ônibus seria ingenuidade.
Primeiro é necessário entender que havia uma demanda reprimida de negócios e crescimento. Por conta da crise global, o ano de 2008 e grande parte de 2009 não foram bons. Sendo assim, parte dos números atuais reflete apenas uma recuperação.

No mundial de futebol da África o Brasil brilhou, pelo menos quando o assunto foi ônibus. Quase mil veículos brasileiros serviram as delegações, os turistas e sistemas urbanos de BRT. Estimativas são as melhores possíveis para os eventos esportivos de 2014 (Copa) e 2016 (Olimpíadas

No mundial de futebol da África o Brasil brilhou, pelo menos quando o assunto foi ônibus. Quase mil veículos brasileiros serviram as delegações, os turistas e sistemas urbanos de BRT. Estimativas são as melhores possíveis para os eventos esportivos de 2014 (Copa) e 2016 (Olimpíadas)
Depois vale ressaltar que há uma série de fatores alheios à economia: licitações que já deveriam ter sido realizadas e só foram concluídas em 2010, renovação natural de frota (que recuperou parte do atraso de 2008 e 2010), eleições estaduais e federal (quando os administradores públicos, pensando em suas imagens, sempre dão uma forçada para que seus redutos tenham ao menos alguns ônibus novos) e, principalmente, a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas de 2016.
Apesar de a população merecer transporte digno há muito tempo, independentemente de eventos, a área só foi levada mais a sério com o anúncio destas competições.
E as celebrações esportivas mundiais mostraram o impacto sobre o setor de mobilidade. Não só nas cidades sedes dos jogos, mas para as principais indústrias de ônibus do Planeta, entre elas, a do Brasil.
Mesmo em outro continente, a Copa do Mundo de 2010 fez a indústria brasileira do setor vibrar, diferentemente de quem torceu pela Seleção.
O Brasil brilhou na África do Sul, no quesito ônibus, é claro.
Grandes fabricantes nacionais de carroceria e chassis deixaram suas marcas e expandiram negócios que vão durar por muitos anos no continente africano.
Aproximadamente 900 ônibus brasileiros circulam pelo país que sediou o Mundial de Futebol de 2010. Destes, 460 veículos serviram diretamente o evento. Eles levaram as delegações, autoridades e imprensa. Não são aqueles ônibus com as cores e inscrições das seleções, produzidos pela Hyndai, mas os predominaram no evento. Destaques para os chassis O 500 da Mercedes Benz, enviados em CDK (desmontados), do Brasil para a África, e os modelos Multego e Paradiso G 6 1200, da Marcopolo, que saíram 80% prontos, inclusive com todos os equipamentos para a direção no lado esquerdo do ônibus, já que a África do Sul, por muitos anos colônia da Inglaterra, adota chamada “mão inglesas”.
A AuthoPax, empresa sul africana que comprou estes Mercedes – Marcopolo brasileiros atualmente utiliza estes veículos para serviços de fretamento e turismo.
O Brasil é o berço do BRT no mundo, por incrível que pareça. Pois, apesar disso, as malhas desta forma eficaz e barata de transportes urbanos são bem tímidas no País.
Mas sua experiência na área é notada mundialmente. A exemplo de grandes e modernos sistemas de corredores de ônibus, como de Bogotá, na Colômbia, e de Lions, na França, a África do Sul seguiu os modelos de corredores bem sucedidos no Brasil, como de Curitiba e do Corredor ABD, na Grande São Paulo, e adaptou para a sua realidade. Modelos como de chassis Volvo (B 7 R – convencionais e B 12 M –articulado), Mercedes Benz (O 500 U e M convencionais e o 500 UA – articulados) e Scania (K 270 – convencionais e K 31- articulados) já desfilam em BRTs sulafricanos, com carrocerias como Mondego, da Caio, e Viale, da Marcopolo.
Agora, se um evento esportivo deste porte reflete positivamente na indústria brasileira, mesmo sendo realizado em outro continente, imagine aqui.
Cada montadora e encarrroçadora não quer ficar para trás.
Esta série de lançamentos, que e compreende desde ônibus de pequeno porte, como o “micrão de fretamento” Solar da Caio até os mais modernos articulados, biarticulados e ônibus de 4 eixos para 2 andares, são a investida doas fabricantes não só para aproveitarem os eventos esportivos, mas seus legados. E olha que a África do Sul teve um evento mundial, o Brasil terá dois, um muito próximo do outro.
E os lançamentos pretendem atender todas as futuras demandas: deslocamentos urbanos simples, em corredores Bus Rapid Transit, de fretamento, turismo de luxo e rodoviário convencional. Já existem e devem aparecer mais modelos para todas estas necessidades.
Os transportes em locais que vão atrair pessoas do mundo todo precisam ser modernos, o que inclui preocupação ambiental. Uma queixa da atual sociedade, mais consciente e que sente casa vez mais fortes os efeitos da poluição, veículos de transportes coletivos com operação limpa são necessidades exigências.
Neste aspecto, o Brasil em 2010 tem o que comemorar e o que reclamar.
Comemorar porque mais uma vez, a industria, os engenheiros e operários mostraram originalidade e competência. Porém, o engajamento das autoridades governamentais parece ainda ser pífio, já que as soluções são pouco aplicadas, perdendo competitividade em escala, isso sem contar com exemplos de produtos que o Brasil é um dos pioneiros, acaba não estimulando os desenvolvimentos nacionais e vê outros países o superarem e exportarem para o Brasil soluções brasileiras, como é o caso dos ônibus híbridos.
Aliás, os híbridos foram destaque em 2010.
Na feira internacional de Hanover, na Alemanha, os veículos movidos com duas fontes de energia, sendo em quase todos, a eletricidade uma delas, predominaram.
Empresas reconhecidas mundialmente como Mercedes Benz, MAN, Iveco, Volvo, Scania e a chinesa Youtong mostraram soluções em ônibus híbridos mais baratas e eficientes, além de terem um design mais atraente.
aíses em desenvolvimento e as potências adotaram na prática o conceito de ônibus com tecnologia limpa, fazendo com que haja mercado para estes veículos, produção em escala, preços mais sugestivos e mais mercado ainda.
Isso explica a presença em destaque dos ônibus híbridos na maior feira de veículos comerciais do mundo.
O ano de 2010, no setor de transportes, foi marcado, na cidade de Nova Iorque pelo aumento para 1.679 unidades de ônibus híbridos. Desde 1998, a utilização de ônibus híbridos na cidade de Nova Iorque proporcionou, segundo a operadora New York City Transit – NYCT – a economia de 20 milhões de litros de óleo diesel combustível. Será que esta não poder ser uma das explicações de os já comprovadamente eficiente híbridos não irem para frente em algumas nações cujos governos são os maiores vendedores de combustível ?
Em compensação, as nações que investiram nestes ônibus de tecnologia limpa economizaram bastante em custos com saúde. Só no caso de Nova Iorque deixaram, desde 1998, de ser lançadas na atmosfera com a utilização dos ônibus híbridos, 50 mil toneladas de gás carbônico, ainda segundo a NYCT.
Quando o ônibus híbrido mescla energia elétrica com outro combustível que não seja o diesel, aí os ganhos ambientais e econômicos são maiores ainda,.
É o caso da solução híbrida energia elétrica e gás natural.
Solução esta que o Brasil têm condições técnicas para produzir, mas por falta de incentivos e pelas constantes oscilações do preço do gás natural, não obteve o mercado que merecia.

Enquanto o Brasil engatinha na frota de ônibus híbridos, mesmo sendo um dos pioneiros deste tipo de veículo, vários países já usam este tipo de tração em grande escala, como a Índia, que traz uma solução brasileira numa joint venture entre a Marcopolo, do Brasil, e a Tata.

Enquanto o Brasil engatinha na frota de ônibus híbridos, mesmo sendo um dos pioneiros deste tipo de veículo, vários países já usam este tipo de tração em grande escala, como a Índia, que traz uma solução brasileira numa joint venture entre a Marcopolo, do Brasil, e a Tata.
Em 2010, ganhou destaque o híbrido elétrico-gás da Índia.
Neste ano foi lançado o Starbus para DTC – Delhi Transport Coroporation, maior empresa de ônibus da capital indiana, Nova Delhi.
A produção de veículos de tecnologia limpa no País ganhou força também por conta de um evento esportivo de destaque. O Comonwealth Games 2010. Além dos híbridos, a DTC adquiriu mil ônibus totalmente a gás natural.
Uma quantidade hoje jamais pensada no Brasil. O mais irônico é que tanto os híbridos com os totalmente movidos a gás natural foram fabricados por uma joint venture com a participação de uma empresa brasileira, a Tata Marcopolo.
Mas esta retrospectiva não é do Brasil?
Realmente, mas alguns fatos não podem passar em branco, como as contradições de um país ter tecnologia limpa, exportá-la ou inspirar outras nações, ser pioneiro, mas avançar pouco quando o assunto é usar essa tecnologia em prol dos brasileiros.
Dizer que 2010 não representou avanços na área de tecnologia limpa é uma heresia.
Os profissionais e a indústrias apresentaram suas inovações, mas o mercado é muito restrito.
Ônibus híbrido que é comum nos outros países, aqui é apresentado com oba oba, mesmo o Brasil sendo um dos pioneiros nesta tecnologia.
Em 2010, se destacaram em tecnologia híbrida a Agrale, com uma solução “mais nacional” e a Volvo, trazendo de sua matriz na Suécia, um exemplar com estas características de tração ambientalmente mais corretas.
O veículo da Agrale, apresentado em junho, foi desenvolvido em parceria com a multinacional Siemens, e funciona com energia elétrica e diesel. O Agrale Hybridus é feito sobre chassi MT 15.0 e, segundo a empresa, já poderá ser comercializado em 2011. A Agrale diz que sua planta em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul já tem condições de fazer o ônibus.
Da Suécia, o Volvo 7700 Hybrid começou a ser avaliado nos transportes regulares de Curitiba, São Paulo e depois Rio de Janeiro.
O modelo já é produzido em série na Europa e, apesar de ser bem novo, já teve 150 unidades fabricadas.
De característica monobloco, tanto o chassi como a carroceria são feitos pela Volvo da Suécia, mas se, for aceito nas operações nacionais, poderá ser em 2012 fabricado na planta de Curitiba. Tem 13,2 metros de comprimento, pesa 19 toneladas vazio e pode transportar 100 passageiros, com um aproveitamento de espaço interno eficiente.
A transmissão automática possui 12 marchas e o motor diesel gera 210 cavalos e o elétrico, força equivalente a 160 cavalos.
Apesar de ser um meio de transporte eficiente, barato, totalmente limpo, o trólebus praticamente foi abandonado no Brasil. O país que já foi o 22º em ônibus elétricos no mundo, hoje possui apenas 3 sistemas: o da Capital, reduzido em mais de 50%, o de Santos, quase inexistente e o do ABC Paulista, considerado o mais moderno e que realmente recebe investimentos, apesar de poder ter mais atenção.
Mesmo assim, a indústria não desiste e mostra suas inovações, muitas vezes mais valorizadas por outros países.
E neste ano de 2010, foi concluído em março e entrou em operação em junho, o genuinamente nacional trólebus da Ibrava/Tuttotrasporti e Iluminatti.

No campo da tecnologia limpa, o Brasil mais uma vez mostrou que tem potencial e originalidade para desenvolver produtos com soluções adequadas para a realidade nacional. Faltam incentivos e políticas públicas sérias, o que tem sido o maior entrave para que o País alcance a escala de produção de ônibus ambientalmente corretos já presente em outras nações.


No campo da tecnologia limpa, o Brasil mais uma vez mostrou que tem potencial e originalidade para desenvolver produtos com soluções adequadas para a realidade nacional. Faltam incentivos e políticas públicas sérias, o que tem sido o maior entrave para que o País alcance a escala de produção de ônibus ambientalmente corretos já presente em outras nações.
O veículo é inovador: possui sistema Multiplex, de controle de funções e operação da carroceria, IHM – Interrface Homem Máquina, que é um computador capaz de informar em tempo real eventuais problemas no veículo e no sistema, além de orientar a dirigibilidade.
As lâmpadas são de LED, há monitores de TV para os passageiros e câmeras de operação e segurança.
As novidades no entanto, ficam por conta do uso de corrente alternada mais eficiente e pela refrigeração a água, o que deixa o trólebus 400 quilos mais leve, refletindo em maior desempenho do motor, custos diminuídos e menor força empregada.
No campo da tecnologia limpa, o Brasil mais uma vez mostrou que tem potencial e originalidade para desenvolver produtos com soluções adequadas para a realidade nacional. Faltam incentivos e políticas públicas sérias, o que tem sido o maior entrave para que o País alcance a escala de produção de ônibus ambientalmente corretos já presente em outras nações.
No campo da tecnologia limpa, o Brasil mais uma vez mostrou que tem potencial e originalidade para desenvolver produtos com soluções adequadas para a realidade nacional. Faltam incentivos e políticas públicas sérias, o que tem sido o maior entrave para que o País alcance a escala de produção de ônibus ambientalmente corretos já presente em outras nações.

O Biodiesel é considerado o combustível para ônibus na Copa de 2014, no Brasil. Os testes têm sido realizados. Não só em relação a veículos, mas novos tipos de biocombustíveis. Em São Paulo, começaram a circular veículos com diesel feito a partir de cana de açúcar.

O Biodiesel é considerado o combustível para ônibus na Copa de 2014, no Brasil. Os testes têm sido realizados. Não só em relação a veículos, mas novos tipos de biocombustíveis. Em São Paulo, começaram a circular veículos com diesel feito a partir de cana de açúcar.
Mesmo com todas estas inovações, o mercado restrito ainda não deu valor a esta solução 100 % nacional e apenas uma unidade opera em todo o Brasil, na cidade de São Paulo, pela única prestadora de serviços de trólebus na Capital, a Himalaia, que opera na zona Leste de São Paulo.
Veículos a Biodiesel, como Scania K 270 U que rodam na Capital Paulista, estudos de novos combustíveis, a exemplo do Biocombustível de cana de açúcar, desenvolvido pela Amyris do Brasil e Mercedes Benz, também marcaram o noticiário de transportes em 2010.
Em 2010, a indústria de ônibus no Brasil começou a levar mais seriamente o Euro V, ou Proconve P 7, que são padrões de motores e sistemas de tração obrigatoriamente que respeitam o meio ambiente, a ser adotados a partir de 2012, ano em que todos os ônibus e caminhões deverão respeitar exigências mais severas de controle de emissões de poluentes; Além disso, estes veículos deverão utilizar o diesel S 10, com teor de enxofre de 10 partículas por milhão.
Este tipo de diesel é menos poluente, e por consenquência, menos agressivo à saúde. Para se ter uma idéia, os veículos abastecidos com S-10 podem reduzir em 20% a emissão de óxido de nitrogênio em comparação ao atual diesel S – 50.
Os custos para desenvolvimento dos ônibus e caminhões que respeitam as normas Euro V são altos, reclamam as mesmas montadoras que há anos já fazem este tipo de veículos em seus países de origem.
Elas prometem repassar os custos de desenvolvimento para os produtos brasileiros, apesar de boa parte dos estudos já terem sido feitos e bancados na Europa, cabendo adaptar o projeto já desenvolvido à realidade brasileira.
Por causa desta especulação de mercado, a eficácia do Euro V nos primeiros anos no Brasil será comprometida, pois, para se livrarem dos preços mais altos, muitos frotistas declararam que devem antecipar as compras previstas para 2012,


OPERAÇÕES
Não foi só pelos lançamentos de vários modelos de ônibus, pela recuperação econômica, pela ecologia e pelas expectativas em relação as grandes eventos esportivos previstos para o Brasil, que o setor de transportes teve um ano bem agitado.
Algumas mudanças operacionais, regionais ou de distância maior, chamaram a atenção, em especiais as licitações em cidades de grande e médio portes.

Licitação dos transportes na cidade do Rio de Janeiro levantou polêmicas mas apontou soluções interessantes. Manutenção de empresas com débitos, que mudaram de nome para participarem do certame, e padronização de pinturas foram alvos de críticas. Desoneração em troca de não haver subsídios e consórcios receberam elogios.

Licitação dos transportes na cidade do Rio de Janeiro levantou polêmicas mas apontou soluções interessantes. Manutenção de empresas com débitos, que mudaram de nome para participarem do certame, e padronização de pinturas foram alvos de críticas. Desoneração em troca de não haver subsídios e consórcios receberam elogios.
No Rio de Janeiro a reformulação dos serviços municipais trouxe à baila diversas discussões, que apontaram pontos positivos e negativos das mudanças.
Certamente um dos destaques interessantes foi a desoneração tributária do sistema pelo fim dos subsídios do governo.
Nos contratos dos consórcios para a operação dos serviços da cidade do Rio de Janeiro, foi previsto que a prefeitura diminuísse os percentuais de incidência dos tributos municipais.
O poder público abriu mão totalmente do ISS – Imposto Sobre Serviços – e assumiu as gratuidades. Em troca, os empresários terão de virar com os recursos que adquirirem, que, diga-se de passagem, são mais que suficientes.
Também foi instituído o Bilhete Único Carioca, pelo qual, por R$ 2,40 (valor de 2010), o passageiro pode utilizar duas viagens num intervalo de até duas horas.
As polêmicas em relação à readequação dos transportes no Rio de Janeiro dizem respeito a continuidade de muitas empresas que não prestavam serviços satisfatórios e ao fim das pinturas próprias das empresas.
Pode ser exagero chamar a licitação de cartas marcadas, e é mesmo.
O que chama a atenção é que a própria prefeitura anunciou que houve procura de empresas capacitadas em transportes de todo o Brasil e até mesmo do exterior, mas não houve alterações profundas nas operadoras da cidade.
Aliás, aquela velha prática conhecida da população, do poder público, e que é feita por empresários, de ter viações sem condições de participar de licitação e criar novos nomes de empresas com os mesmos ônibus, funcionários e garagens, foi comum na licitação do Rio de Janeiro.
E a onda das padronizações de pinturas de ônibus chegou com esta licitação, concluída em 2010, à cidade maravilhosa.
Cada empresa do Rio de Janeiro tinha sua própria pintura, seu padrão e os ônibus eram identificados de longe.
Agora, foram criados 4 consórcios para operarem cinco regiões da cidade do Rio de Janeiro. Um em cada área, sendo que o centro é comum a todos.
As pinturas extremamente simples serão iguais para todas as viações e apenas alguns detalhes diferenciarão cada consórcio e região pelas cores.
Por 20 anos, em sistema de concessão, operarão os transportes da cidade do Rio de Janeiro, os seguintes consórcios:
• Intersul: Região 2: Zona Sul, grande Tijuca e Santa Tereza. Liderados pela Real Auto Ônibus, os empresários investiram R$ 365 milhões. Cor: Amarelo

• Internorte: Região 3: Toda a Zona Norte, menos Madureira e Região. Liderados pela Viação Nossa Senhora de Lourdes, os empresários investiram R$ 567 milhões. Cor dos detalhes da pintura padrão: verde

• Transcarioca: Região 4: parte da Zona Oeste (Barra da Tijuca e Jacarepaguá), Madureira e bairros circunvizinhos. Com a Viação Redentor à frente, os empresários investiram R$ 511 milhões. Cor: azul.

• Santa Cruz: Região 5, que engloba a maior parte da zona Oeste do Rio de Janeiro, como as regiões de Bangu, Campo Grande, Santa Cruz e Realengo. Os empresários investiram R$ 360 milhões. Cor:vermelho.

• A Região 1, do centro do Rio de Janeiro, é comum a todos os consórcios;

Atualmente, a cidade do Rio de Janeiro conta em seu sistema local com 8,6 mil veículos:
• Ônibus Convencionais: 4.193

• MicroMaster (micrão): 2.096

• Micros: 1.111

• Ônibus convencionais com ar condicionado: 609

• Ônibus Micro Master com ar condicionado: 221

• Micro-ônibus com ar condicionado: 88

• Sistemas especiais: 427, entre frescões (ar condicionado), micrões e micro-ônibus.

Apesar de ser a frota mais nova entre as capitais do país, os ônibus devem ser renovados até 2016, quando a troca de toda essa frota será concluída.
Atualmente, a idade média dos ônibus na cidade do Rio Janeiro é de 3 anos.
Uma das exigências da troca de frota é a utilização de ônibus com motores traseiros.
As 400 linhas regulares e outras 400 extraordinárias e especiais serão racionalizadas.
A licitação de todo o sistema municipal do Rio de Janeiro foi feita já com vistas à modernização dos transportes para receber uma demanda maior de passageiros devido à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016.
Assim, vários corredores exclusivos para ônibus, modernos e rápidos, estão sendo construídos e outros já foram planejados, com características de BRT – Bus Rapid Transit.
São 4 sistemas principais de BRT previstos: O TransOeste, TransCarioca, Avenida Brasil e TransOlímpico.
A cidade do Rio de Janeiro foi uma das muitas que teve a consciência de que o Metrô é bem mais caro, de difícil implantação, exigindo obras mais complexas, demoradas e maior alteração no espaço urbano. E os benefícios dos modernos corredores de ônibus se assemelham aos do metrô.
Outra cidade que também licitou os transportes em 2010 foi Curitiba, berço do BRT, quando em 1974, Jaime Lerner e um grupo de urbanista remodelou a cidade com corredores de ônibus e democratização do espaço. Curitiba é considerada a cidade com o melhor sistema do Brasil e é inspiração para a implementação de vários BRTs no mundo, inclusive os feitos para receber a maior demanda gerada por eventos esportivos, como os da África do Sul, inspirados no modelo brasileiro e no colombiano TransMilênio, que também teve como base o exemplo curitibano.


Considerado um dos melhores sistemas de transportes por ônibus do mundo, berço do BRT, o serviço municipal de Curitiba foi licitado pela primeira vez. Onze empresas se dividiram em 3 consórcios.

Considerado um dos melhores sistemas de transportes por ônibus do mundo, berço do BRT, o serviço municipal de Curitiba foi licitado pela primeira vez. Onze empresas se dividiram em 3 consórcios.
Apesar de todo o avanço que o sistema de Curitiba representou não só no Brasil como no mundo, nunca houve uma licitação dos transportes na cidade.
Como em todas as licitações, houve polêmicas e participantes que se sentiram prejudicados.
Também foi adotado o sistema de consórcios, que tem se mostrado o mais eficiente na racionalização das linhas, distribuição do mercado entre os participantes e gerenciamento por parte do poder público.
As 11 empresas que prestarão serviços em Curitiba estão divididas em três consórcios, pelos quais disputaram a licitação:
• Consórcio Pontual: Transporte Coletivo Glória, Auto Viação Marechal, Auto Viação Mercês e Auto Viação Santo Antônio

• Consórcio Transbus: Auto Viação Redentor, Auracária Transporte Coletivo e Expresso Azul

• Consórcio Pioneiro: Viação Cidade Sorriso, Viação Tamandaré, Auto Viação São José e CCD Transporte Coletivo.

São 250 linhas principais e 52 complementares, incluindo as Troncais, Expressas, Diretas (Ligeirinho), Alimentadoras, Interbairros, Cicular e Convencionais, que serão operadas por estas empresas por 15 anos. A demanda diária é de 1 milhão 836 mil passageiros. Até 2010, pelo menos 10% da frota municipal de Curitiba deverão contar com ônibus movidos totalmente a biocombustível. Atualmente (2010) a frota de Curitiba é de 2.372 ônibus que servem 21 terminais e 315 estações tubo, que permitem pagamento de passagem antes do embarque, espera pelo ônibus com proteção do sol e da chuva e entrada e saída no mesmo nível do assoalho do veículo.
Na Grande São Paulo, a tão esperada readequação das linhas do serviço alternativo, formado predominantemente por cooperativas não saiu.
Mas foi no ABC Paulista, o desfecho de uma das licitações de transporte coletivo mais conturbadas do Estado de São Paulo.
Depois de dois anos que tiveram episódios formados por brigas judiciais, utilização de parte da imprensa regional, O Diário do Grande ABC, em prol de um grupo empresarial, que tem ligações com Ronan Maria Pinto, dono do jornal e também empresário de transportes, depois de atentados como uma bomba na casa do Secretário de Mobilidade Urbana, Renato Moreira dos Santos, e cartas com crianças degoladas destinadas aos donos da nova empresa de ônibus, o Grupo Leblon Transporte de Passageiros assume as 18 linhas do lote 02 do Sistema de Mauá, que tem mais de 450 mil moradores.
Com a entrada da empresa, a padronização das pinturas caiu por terra, já que a Leblon conseguiu implantar sistema visual próprio. Mauá se tornou a única cidade do ABC Paulista a ter o modelo Volvo B 12 M articulado, computadorizado e com sistema de abaixamento e elevação pneumático de carroceria. Todos os 86 ônibus novos que entraram pela Leblon foram trazidos para Mauá 0 km e dispõe de equipamentos de acessibilidade total e motorização eletrônica que auxilia a diminuição de poluentes lançados no ar.

Depois de 2 anos de lutas judiciais, atos violentos e incertezas, Grupo Leblon Transporte de Passageiros começa a operar em Mauá só em 2010. A empresa ganhou a licitação em 2008, mas o empresário Baltazar José de Sousa moveu uma série de ações contra o certame por perder o lote 02, mesmo continuando no lote 01. Entrada da empresa paranaense de Mauá significou a quebra de um monopólio de quase 30 anos.)

Depois de 2 anos de lutas judiciais, atos violentos e incertezas, Grupo Leblon Transporte de Passageiros começa a operar em Mauá só em 2010. A empresa ganhou a licitação em 2008, mas o empresário Baltazar José de Sousa moveu uma série de ações contra o certame por perder o lote 02, mesmo continuando no lote 01. Entrada da empresa paranaense de Mauá significou a quebra de um monopólio de quase 30 anos.
Mas a novidade mesmo ficou por conta da quebra de um monopólio de 30 anos na cidade, comandado pelo empresário mineiro, Baltazar José de Sousa.
No dia 06 de novembro de 2010, quando a empresa começou a operar, por conta das ameaças e do histórico de violência que marcou os 2 anos de disputa para a empresa paranaense Leblon prestar serviços, um verdadeiro contingente de policias militares, civis e guardas municipais cercou o terminal central da cidade e se espalhou pelas ruas atendidas pelos ônibus da Leblon.
O prefeito Oswaldo Dias não escondia a satisfação pela quebra do monopólio.
“Há muitos anos, o poder público, a população de Mauá e a Justiça foram enganados. Sempre tiveram mais de uma empresa na cidade, mas todas do mesmo dono. Até mesmo para sentar e definir rumos dos transportes, para duas empresas existia um só interlocutor” – declarou na ocasião Oswaldo Dias, que acredita que com duas viações realmente diferentes operando, o sistema será mais equilibrado, as negociações serão facilitadas e o serviço irá melhorar.
A briga judicial ainda não acabou. Mesmo após a Leblon operando, o Tribunal de Justiça cassou a decisão anterior que desclassificava as empresas TransMauá e Estrela de Mauá a no processo licitatório. Mas o Tribunal de Justiça determinou que até ser dada uma decisão definitiva, deveria ser seguido o entendimento de instância superior, o Superior Tribunal de Justiça, de Brasília, que foi favorável às mudanças nos transportes de Mauá, que incluem a entrada da Leblon de Haroldo e Ronaldo Isaak.
Baltazar José de Sousa continua atuando no sistema municipal de Mauá, no lote 01, que é o maior, com 55% das linhas, pela Viação Cidade de Mauá.

NEGOCIAÇÕES
Apesar de ter sido oficializada no final de 2009, a compra de linhas da Expresso Brasileiro pela Viação Cometa, ainda causou impactos em 2010. Operações no Litoral Paulista, na Grande São Paulo e no ABC ficaram mais concentradas ainda.

Apesar de ter sido oficializada no final de 2009, a compra de linhas da Expresso Brasileiro pela Viação Cometa, ainda causou impactos em 2010. Operações no Litoral Paulista, na Grande São Paulo e no ABC ficaram mais concentradas ainda.
Se 2010 foi agitado na produção e nas operações de ônibus no Brasil, as negociações entre empresas também não deixaram a desejar.
O ano teve várias compras, vendas e transferências de linhas que seria uma tarefa difícil citar caso a caso.
Mal tinha começado, 2010 ainda assimilava uma negociação histórica finalizada em dezembro de 2009, quando a Viação Cometa, do poderoso Grupo JCA, detentor, entre outras empresas da Auto Viação 1001 e Catarinense, anunciara a compra de todas a linhas da tradicional Expresso Brasileiro que servem a Grande São Paulo, Capital Paulista, região do ABC, parte interior de São Paulo e Litoral Sul.
O negócio milionário concentrou ainda mais a atuação do Grupo no Estado de São Paulo. Em 2002, o JCA já tinha se destacado ao comprar a Viação Cometa, antigo sonho do fundador do grupo, Jelson da Costa Antunes, que nos anos de 1960 admirava os veículos GM Coach importados dos Estados Unidos pela Cometa, que utilizava para ir do Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira nos transportes, para São Paulo.
Muitos se perguntava na época, se a compra da Expresso pela Cometa evidenciaria mais movimentos no sentido de empresas com gestões modernizadas comprarem as mais tradicionai.
E foi o que aconteceu.
Em agosto de 2010, o empresário português Belarmino de Ascenção Marta, que possui mais de 4 mil ônibus e 16 mil funcionários diretos, um dos maiores do País anunciou a compra da Viação Caprioli.
A Caprioli enfrentava problemas, mas não podia ser considerada uma empresa sem atrativos e deficitária. Com a compra, Belarmino aproveitou a oportunidade não só para marcar terreno no Interior de São Paulo, mas também para expandir a própria Capriolli e seus negócios.
Dono de um poderoso grupo de empresas de transporte, Belarmino, com 74 anos, completados em 15 de agosto, poucos dias antes da oficialização da compra, opera serviços urbanos m Campinas, Franca, São João da Boa Vista, Guarulhos, suburbanos em Jundiaí, metropolitanos em Campinas e São Paulo, além de fretamento nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
As principais empresas de Belarmino são: Intersul, Nove de Julho, Osastur, Casquel, VB (Bonavita), Cidade Azul, Expresso Limeira, Santa Izabel, mais recentemente, Caprioli, e a Sambaíba, uma das maiores prestadoras de serviços da Capital Paulista.
Belarmino de Ascenção Marta comprou a tradicional Viação Caprioli não apenas para marcar território, mas para expandir empresa. Português que começou em São Paulo no ano de 1961 a atuar no ramo de transportes é um dos maiores empresário do País.

Belarmino de Ascenção Marta comprou a tradicional Viação Caprioli não apenas para marcar território, mas para expandir empresa. Português que começou em São Paulo no ano de 1961 a atuar no ramo de transportes é um dos maiores empresário do País.

Torcedor da Portuguesa de Desportos, Belarmino nasceu em 15 de agosto de 1936 em Ladeia Vilar de Rei, concelho de Mogadouro, município de Trás-os-Montes. Após 38 dias de viagem no navio Giovanni C desembarcou no Porto de Santos em 11 de novembro de 1951, aos 15 anos de idade. Logo em seguida foi trabalhar no mercado da Cantareira, em São Paulo. Com 17 anos abriu um negócio, que vendia e financiava agrião, com o irmão Antônio Joaquim Marta.
Com 25 anos de idade, em 1961, vendo o crescimento da cidade e as necessidades de transportes, não temeu os desafios de operar em ruas não pavimentadas, em locais que ainda estava em desenvolvimento e para os não visionários seriam uma incerteza, entrou para o ramo dos ônibus. Com o irmão Antônio Joaquim Marta, um cunhado e um amigo, juntou todas as economias em comprou 8 ônibus. Surgia a Auto Viação Brasil Luxo na zona Norte de São Paulo.
A Viação Caprioli, adquirida por Belarmino, também tem muita história, sendo uma das empresas de ônibus mais tradicionais do País, famosa por levar delegações de futebol.
Natural de Cittaducali, em Rieli norte da Itália, Savério Carpioli com a mulher e os filhos desembarcaram no Brasil em novembro de 1911. No mesmo ano, os Caprioli foram trabalhar como colonos na Fazenda Pau a Pique, em Vinhedo, interior Paulista. Em 1922, a família entra para os negócios próprios, comprando um Armazém de Secos & Molhados em Três Vendas, a 15 km do centro de Campinas.
Savério e os filhos perceberam que com o crescimento do número de moradores em Campinas e Região, havia uma grande necessidade de transportes de passageiros e de cargas, um ramo promissor. Em 1926 compram um caminhão que entregavam diversos tipos de produtos em diferentes regiões. No caminho, no entanto, percebiam que as pessoas, que eram atraídas pelos centros de geração de empregos e rendas, mas só podiam morar um pouco mais afastadas, tinham de caminhar muito para trabalharem. Em 1928, os Caprioli entram para o ramo de transportes de pessoas. Com um rústico ônibus de madeira faziam a linha Fazenda Descampado a Campinas. Era o embrião da Caprioli, que cresceu junto com Campinas.
Quando o mercado de transações envolvendo propriedade de empresas de ônibus parecia ter se tranqulizado em 2010, no mês de novembro um negócio prometeu modificar a forma de transportas pessoas, principalmente em rotas rodoviárias.
Outra empresa tradicional de transportes foi adquirida por um grupo investidor.
O empresário Mário Luft e outros investidores compraram a Viação Garcia por R$ 400 milhões. Foram arrematadas também a empresa de cargas da Garcia e as Viações Ouro Branco e Princesa do Ivaí.
Mário Luft é dono de um dos mais modernos e maiores grupos empresariais que atua em diversos ramos: transportes de cargas, fretamento para passageiros, financeiro, agronegócio, saúde e entretenimento.
Apesar de ser o presidente do conselho administrativo, Luft afirmou que a compra foi particular com os investidores, independentemente dos negócios do Grupo.
A Viação Garcia e as demais empresas coligadas sempre foram empresas bem estruturadas e a venda causou espanto até nas pessoas que mais acompanham os transportes.
Tanto é que 3 meses antes da compra, já saíam as primeiras informações sobre a negociação, mas pelos valores envolvidos e tradição da família Garcia no setor, foram encaradas como boatos.
Quando anunciou a compra de maneira oficial, Mário Luft apontou uma série de projetos que, se colocados em prática, prometem mudar os transportes rodoviários no País.
Gerenciamento total da frota por computador, computadores auxiliando a mecânica e operações, renovação de frota, inclusão de ônibus de maior porte e até a idéia de colocar dois banheiros em cada ônibus, para homens e mulheres, devem proporcionar diferenciais para a Garcia, bem possíveis de ser seguidos por outras empresas.
A frota atual das viações da Garcia é de 572 ônibus e 97 caminhões.
Aproximadamente R$ 40 milhões serão investidos em renovação de frota já em 2011.
Mário Luft também declarou que pretende atuar no setor de fretamento com a Garcia, segmento que possui experiência em São Paulo.
O empresário, entretanto, investiu pesado vislumbrando mesmo o segmento de linhas rodoviárias regulares.
Além de ser a maior atividade da Garcia, a reorganização dos transportes rodoviários no Pais, que contempla a licitação de todas as linhas interestaduais e internacionais (ramos da Garcia) tem feito com que grandes empresários se preparem. Afinal, serão 20 anos de concessão para operar em um dos sistemas mais rentáveis da América Latina, apesar de o crescimento do setor aéreo de passageiros ter minimizado as viagens por ônibus em estradas.

Certamente a negociação que mais chamou a atenção em 2010, ocorreu no final do ano, quando o empresário Mário Luft adquiriu a família Garcia de família que opera os transportes há 76 anos. Luft prometeu investir pesado e revolucionar o mercado com inovações, além de entrar forte na maior licitação de linha rodoviárias do País.

As licitações estão previstas para 2011/2012, mas deveriam ter sido feirtas em 2008. O processo foi interrompido por pressões dos empresários que acharam as exigências muito rígidas e por um erro da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, que admitiu que falho ao mensurar a demanda de passageiros e o tamanho da malha de linhas rodoviárias de ônibus.
Ao jornal Gazeta do Paraná, Mário Luft diz que a licitação será para empresas estruturadas e que muitas companhias não conseguirão atender as exigências da ANTT, mas que a Garcia está preparada.
“Vamos participar e ganhar. Estamos bem estruturados, temos 35 garagens, boas linhas e ônibus em boas condições”. Ele explicou que as licitações vão conter condições exigidas pelo governo que a Garcia já atende. Segundo ele, muitas empresas do Brasil não vão conseguir cumprir todos os requisitos exigidos. “Abre uma possibilidade de ganhar espaço, linhas e mercados”.
A história da Viação Garcia se confunde com a de Londrina, no Paraná. Ela foi criada na mesma época da fundação da cidade, em 1934, pelos mecânicos Mathias Hein, imigrante alemão e o espanhol Celso Garcia Cid. Em 1937 Hein vendeu sua parte a outro espanhol e outro Garcia: José Garcia Villar, que não era parente de Celso Garcia, que continuava na empresa.
A Viação Garcia, inicialmente com jardineiras feiras de madeira sobre chassi de caminhão foi um das responsáveis pelo desenvolvimento do Paraná. Os ônibus da empresa enfrentado caminhos de terra e muita lama acabaram com os parachoques abrindo o que se tornariam mais tarde avenidas e estradas.
O Grupo Luft é mais recente, porém tem história para contar. Foi fundado em 1975, como uma modesta transportadora de cargas no pólo agrícola de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul.
Na época, as dificuldades para se transportar cargas eram imensas. Além da falta de estrutura em vias de terra, o setor não era regulamentado (embora que ainda hoje a regulamentação não é eficaz) e a concorrência era muito grande. Qualquer um podia comprar um caminhão e começar a trabalhar sem dar satisfação para ninguém. Apesar das limitações financeiras, pela falta de experiência e operacionais, só que se profissionalizava conseguiria mais tarde crescer e sobreviver.
E a essa profissionalização que os Luft se emprenharam. As atividades econômicas agrícolas e urbanas, geradas pela indústria, se intensificavam, o que resultava em boas perspectivas para o setor de transportes de cargas. Daí tanta gente atraída pelo setor.
A família foi crescendo e até 1992 se destacando no eixo Sul do País – São Paulo, quando se especializou em outro ramo: o de defensivos agrícolas.
Atualmente, O Grupo Luft atua em diversos segmentos, como de fretamento para passageiros, cargas sensíveis e expressas, cargas pesadas, alimentos, saúde, agronegócios e entretenimento.
O faturamento anual é de R$ 1 bilhão e o Grupo emprega 4,4 mil funcionários tendo uma frota de 1,6 mil caminhões.
Tanto a compra da Caprioli por Belarmino e da Garcia por Luft, duas empresas tradicionais, fizeram com que em 2010 fossem novamente suscitadas as discussões sobre se as empresas antigas com estrutura familiar estariam com os dias contados no setor de transportes.
Em anos anteriores, outras grandes negociações marcaram o mercado, com a compra da Cometa pelo Grupo JCA em 2002 e da São Geraldo pela Gontijo em 2004.
As aquisições de empresas por parte de maiores sempre existiram no setor de transportes. Mas o movimento se intensificou nos anos de 1990, quando grandes empresários começaram a adquirir viações financeiramente mais modestas cujos donos ainda se ressentiam dos anos de elevada inflação que descapitalizou as empresas de transportes. Um dos marcos da época foi a compra da Breda em 1990 por Constantino de Oliveira.
A empresa pertencia desde 1951 à família do fundador, Ítalo Breda.
É fato que muitas empresas não se modernizaram e que os herdeiros nem sempre têm o mesmo engajamento que os fundadores, não generalizando, obviamente.
Mas dizer que no setor de transportes as empresas com estrutura familiar estão no fim é simplificar demais a questão.
Algumas famílias matem suas estruturas, mas se modernizaram com vistas à novas realidades dos transportes, que incluem preocupação com a imagem, relacionamento profissional com o poder público e comunidade, domínio de ferramentas de informática , respeito às leis e consciência de que a sociedade e órgãos governamentais ou não estão mais exigentes.
Uma característica a se levar em conta é que as empresas tradicionais foram compradas por grupos e empresários também há muito tempo mercado.
Em 1990, a Breda foi adquira por Constantino de Oliveira. Constantino começou a trabalhar muito jovem, em lavoura com o pai, em Patrocínio, Minas Gerais. Em 1949, comprou o primeiro caminhão e ingressou no ramo de transportes. No para-choque pintou a frase: “Da Vida só se leva ela”. Logo o caminhão foi transformado em Jardineira, que virou 6 mil ônibus e a Gol Linhas Aéreas.
Em 2002, a Cometa foi adquirida pelo Grupo JCA, de Jelson da Costa Antunes, já falecido. Em 1946, junto com o irmão, Jelson que trabalhava na Viação Cabuçu, comprou aos 19 anos de idade o primeiro ônibus. Jelson o reformou artesanalmente e o agregou à frota da Viação Niterói, no Rio de Janeiro. Em 1949 desfez a sociedade com o irmão e comprou a Viação Líder, que tinha apenas uma linha, também no Rio de Janeiro. Foi crescendo, comprando empresas até que em 1968 consegue adquirir a Auto Viação 1001, na época terceira maior do Estado do Rio de Janeiro e que tinha sido fundada em 1948.
A Viação Itapemirim também aumentou sua atuação na área dos transportes. A empresa foi criada no Espírito Santo, por Camilo Cola, em 4 de julho de 1953, quando ele tinha 30 anos de idade. Antes disso, Camilo Cola já atuava no setor de transportes desde 1948. O interesse pelos transportes começou após 1945, quando foi lutar na Itália, pela Força Expedicionária Brasileira, na Segunda Guerra Mundial. Nas folgas do combate, ele se alojava na antiga rodoviária de Florença e ficava lendo documentos velhos da empresa de ônibus estatal. Em 1949, já no Brasil, após ter caminhão, entra para o setor de passageiros criando a Empresa de Transportes Auto, precursora da Itapemirim.
Em 2004, a Viação Gontijo comprou a Viação São Geraldo, num dos maiores negócios do setor de transportes, unindo duas gigantes do País. A São Geraldo foi fundada em 1949 por um grupo de amigos em Caratinga, em Minas Gerais. A Gontijo foi fundada em 1949 também. Mas bem antes disso, em 1943, o fundador, Abílio Gontijo começava no ramo de transportes dirigindo uma jardineira com 19 anos de idade. Com o processo de industrialização, mais pessoas deixavam as áreas rurais. Esse processo começou mais forte nos anos de 1920 e se intensificou nos anos de 1940, quando Abílio Gontijo, visionário, aproveitou o momento histórico, Mas o ciclo mais evidente da industrialização ocorreu nos anos de 1950, com o fortalecimento da indústria automobilística que ampliou lentamente a malha rodoviária. A Gontijo se firmava no mercado nesta época até se tornar um império dos transportes brasileiros.
Como foi possível perceber, todos os grandes conglomerados de transportes atuais vêm de e mantém estruturas familiares, que acompanharam as mudanças ao longo do tempo.

As compras de empresas tradicionais representariam o fim das companhias com estrutura familiar? As grandes aquisições ainda são feitas por empresas familiares que se modernizaram, como Abílio Gontijo que em 2004 marco a história recente do mercado comprando a Viação São Geraldo.

As compras de empresas tradicionais representariam o fim das companhias com estrutura familiar? As grandes aquisições ainda são feitas por empresas familiares que se modernizaram, como Abílio Gontijo que em 2004 marco a história recente do mercado comprando a Viação São Geraldo.
O que reserva para os transportes nos próximos anos? Com a renovação antecipada da frota prevista, pelo fato de os empresáriosbuscarem veículos mais baratos antes da adoção das normas ambientais Euro V e Proconve P 7, em 2012, com a continuação da recuperação econômica geral, com as eleições municipais, quando as frotas são renovadas para a imagem política dos administradores públicos, com a licitação das linhas interestaduais e internacional e mais as surpresas que podem aparecer, 2010, o ano do ônibus, indica apenas o início do que poder ser a década do ônibus no Brasil.

Apesar de o Brasil ser um dos pioneiros em tração híbrida para ônibus, Volvo traz de sua sede na Suécia, veículo que opera com eletricidade e biodiesel ao mesmo tempo. Ônibus traz inovações como operações computadorizadas e maior conforto.
Fabricantes já se preparam para atenderem as normas mais rígidas de controle de poluição Euro V e Proconve P 7, em 2012, como a Cummins.
Adamo Bazani, jornalista e pesquisador de transportes.

JLS