10 de setembro de 2012

Anfavea pedirá prorrogação de IPI mais uma vez

Entidade deverá se reunir com governo no fim de outubro por desconto no tributo, diz Belin
A Anfavea deverá se reunir novamente com o governo para negociar mais uma vez a prorrogação do IPI menor para o setor. A informação é do presidente da entidade, Cledorvino Belini, que admitiu, nesta quarta-feira, 6, durante a divulgação dos dados de mercado, uma possível nova rodada de negociações no fim de outubro, quando está previsto o fim do incentivo para automóveis.

O executivo confirmou agosto como o melhor mês de vendas da história do setor automotivo no Brasil, efeito da redução da alíquota, concedida pelo governo no fim de maio. Os dados da entidade mostram que no mês passado foram licenciados 420,1 mil veículos, crescimento de 15,3% na comparação com julho e de 28,2% sobre agosto de 2011. É a primeira vez que as vendas no mercado interno ultrapassam a barreira das 400 mil unidades.

Deste total, 405,4 mil são automóveis, alta de 15,4% sobre julho e 28,2% sobre agosto de 2011. Veículos pesados somaram 14,6 mil unidades, das quais 11,4 mil são caminhões e 3,1 mil ônibus (leia aqui). Contudo, a Anfavea manteve as projeções de vendas para 2012, quando espera aumento entre 4% e 5% contra 2011, para algo entre 3,7 e 3,8 milhões de veículos.

EFEITO IPI
O recorde se deve a diversos fatores que ocorreram simultaneamente, explica o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini. O primeiro deles, o IPI menor para montadoras, reflete no preço final de automóveis para o consumidor, causando uma corrida às concessionárias antes do fim do incentivo. Segundo os dados apresentados por ele, desde a redução da alíquota, em 21 de maio deste ano, a média diária saltou 37%, passando de 12,5 mil unidades em maio para o pico de 17,6 mil unidades em agosto. A média diária entre maio a agosto ficou em 16,9 mil unidades contra 12,3 mil apurada nos meses anteriores, quando não havia redução do imposto. Com este resultado, impulsionado pelo empurrão dado pelo governo, os licenciamentos ultrapassaram a barreira das 400 mil unidades também por agosto ser o mês com maior número de dias úteis, 23, contra 22 de julho.

As vendas de agosto também são resultado da aceleração da concessão de crédito para financiamentos. Segundo Belini, as aprovações de cartas de crédito para automóveis chegaram a 65% contra 30% registrada antes da redução do IPI.

O executivo mostrou ainda que a estimativa de arrecadação diária de impostos aumentou R$ 5,7 milhões no período: embora tenha ocorrido queda de R$ 20,3 milhões na média diária do IPI entre maio e agosto, em PIS/Cofins o setor registrou incremento de R$ 12 milhões, no ICMS houve alta de R$ 11,2 milhões e no IPVA a arrecadação diária cresceu cerca de R$ 2,8 milhões neste período.

Os dados de vendas, média diária, empregos e a alta da arrecadação de outros impostos que compensaram a queda do IPI foram utilizados pela Anfavea para apresentar ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre os efeitos do incentivo no mercado, em reunião realizada na semana passada. Após o encontro, Mantega anunciou a prorrogação da redução do IPI, que acabaria na sexta-feira, 31, para 31 de outubro (leia aqui).

Com a prorrogação, Belini disse que o mercado continuará aquecido: “Acredito que as vendas se comportem dentro da média dos últimos três meses, de 16,9 mil veículos por dia útil.” O executivo informou que a Anfavea deverá se reunir novamente com o governo no fim de outubro para negociar mais uma vez a prorrogação do IPI menor para o setor.

MIX DE VENDAS
Apesar das vendas alavancarem em agosto, alcançado volume recorde, a participação dos automóveis 1.0 caiu. Segundo dados da Anfavea, do total de automóveis vendidos no mês passado, 40,9% foram 1.0, enquanto a fatia em julho foi de 41,7%. Em junho, o primeiro mês cheio do IPI menor, o índice de participação de carros 1.0 chegou a 43,6% ante 40,6% em maio. No segmento de automóveis, os veículos 1.0 são os que receberam o maior benefício dentro do pacote do IPI menor: nesta faixa o imposto passou de 7% para 0% em modelos que se encaixam nas regras do novo regime automotivo, ou seja, veículos produzidos no Brasil, Mercosul ou México. Para outros importados 1.0, o imposto ficou em 30%.

Enquanto isso, a participação de veículos de maior cilindrada, entre 1.0 e 2.0, fechou agosto com 58,5% de participação. Veículos acima de 2.0 atingiram fatia de 0,6%.

O movimento pode representar uma migração de clientes que já possuíam carros 1.0 e trocaram por veículos mais potentes, aproveitando o preço menor em todas as categorias.

Fonte: Automotive Business

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