21 de setembro de 2012

Salão de Hanover 2012 - Terra em transe

Crise divide a Europa, mas Salão de Hanover 2012 une marcas concorrentes em torno de pautas em comum
 
Hanover/Alemanha – A crise econômica na Europa pode deixar sequelas difíceis de curar. Durante as coletivas de imprensa da edição de 2012 do Salão de Hanover – o maior motorshow especializado em caminhões, ônibus, comerciais leves e implementos rodoviários do mundo –, mais de um executivo de países nórdicos se referiu às dificuldades que atingem o continente europeu como sendo "um problema do Sul da Europa". Ou seja, o antigo sentimento de unidade continental – que tanto orgulhava os europeus há poucos anos – aparentemente começa a virar coisa do passado. Mas o evento alemão, realizado entre 20 e 27 de setembro, não é marcado só pela discórdia. Questões como a redução dos custos dos proprietários dos veículos, controle das emissões, busca de combustíveis alternativos, evolução aerodinâmica e interesse em ampliar os negócios nos chamados "Brics" – grupo das maiores potências emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia e China – revelam uma inusitada unidade de pensamento entre as principais concorrentes mundiais do setor de veículos comerciais.

Mas o principal ponto em comum é mesmo o Euro 6. Enquanto no Brasil as vendas ainda não se recuperaram desde que a antiga legislação antiemissões Euro 3 deu lugar à Euro 5, na Europa, os fabricantes do setor usam o Salão de Hanover 2012 para apresentar simultaneamente suas linhas Euro 6 – que impõe limites de emissões ainda mais rigorosos que os Euro 5. E, da mesma forma que ocorreu durante o lançamento dos modelos Euro 5 no mercado brasileiro, muitas marcas aproveitam as mudanças exigidas nas motorizações para introduzir também outras inovações tecnológicas e estéticas em seus modelos. E algumas dessas evoluções podem chegar aos veículos "made in Brazil" antes mesmo da implantação do Euro 6 no país, prevista para 2016. A direção do evento germânico menciona 354 estreias mundiais, número que inclui não só lançamentos de caminhões, ônibus e comerciais leves, como também as apresentações de novos implementos rodoviários. O certo é que essa 64ª edição do Salão de Hanover – lá conhecido como "IAA Nutzfahrzeuge"– traz novidades para todos os gostos, em todos os setores.
Destaques do Salão de Hanover 2012
 
Volvo FH 750
É a nova geração do extra-pesado da fabricante sueca, duas décadas depois do surgimento do primeiro FH. O modelo traz inovações vindas diretamente do mundo dos automóveis, como a suspensão dianteira independente – usada primeira vez em um caminhão de produção em série – e a direção, ainda mais precisa. Na linha de motores, destaque para a versão topo de linha do FH, com um motor de impressionantes 16 litros e 750 cv de potência, que o transforma no caminhão rodoviário mais potente do mundo. Há ainda uma opção com propulsor de 460 cv, também já de acordo com a norma Euro 6. A marca sueca confirma que o novo FH será produzido na fabrica brasileira de Curitiba – só não confirma quando.
 
Mercedes-Benz Antos
Durante o salão alemão, a Mercedes-Benz lança o Antos, novo pesado da marca para a Europa. De acordo com a fabricante, trata-se de uma linha de caminhões pesados mais compacta, desenvolvida especificamente para entregas em áreas urbanas. O peso bruto total varia entre 18 e 26 toneladas com potências que ficam entre 241 e 517 cv. A Mercedes acredita que o Antos é indicado principalmente para o transporte de alimentos, combustíveis e materiais de construção. Como o modelo de nome esquisito já foi lançado como linha Euro 6, a Mercedes-Benz do Brasil alega não ter previsão para sua introdução no mercado nacional.
 
Scania P340 Euro 6 a gás
Variante "ecologicamente correta" do conhecido semipesado da marca sueca. Já de acordo com as normas do Euro 6, o propulsor de cinco cilindros e 9.3 litros pode ser abastecido tanto com gás natural liquefeito – compactado através do resfriamento a baixíssimas temperaturas – como com biogás. A potência total fica em 340 cv e o torque em 163,1 kgfm. A transmissão é sempre uma automática de seis relações. Segundo a Scania, a autonomia do semipesado pode chegar aos 1.100 quilômetros com um tanque cheio de GNL.
 
Iveco Stralis Hi-Way
Se trata de uma nova versão topo de linha do extra-pesado italiano. Lançado na Europa em julho deste ano com motorizações Euro 6, o Stralis Hi-Way é o principal modelo no estande da Iveco em Hanover. Afinal, ele foi eleito pela imprensa especializada europeia o "Truck of The Year 2013". O foco do novo Stralis é reduzir os custos de operação. Através de menor consumo de combustível, valores de manutenção mais baixos e uma melhor gestão operacional, a Iveco garante que o custo total do proprietário cai em 4%. A versão "made in Brazil" do Hi-Way será lançada ainda esse ano, com motor Euro 5. Será o modelo topo de linha do atual Stralis Ecoline.
 
MAN Lion’s City BRT GL
É uma versão do ônibus urbano da MAN adaptada para o uso em BRT – sistema de corredores expressos – e movida a gás natural. O comercial tem 18,75 metros de comprimento e oferece 41 lugares sentados e capacidade para levar ainda 100 pessoas em pé. O modelo é articulado e tem cinco portas duplas que, de acordo com a MAN, tornam os embarques e desembarques fluidos. Como a demanda por esse sistema de transporte está crescendo bastante na América Latina, principalmente no Brasil – em virtude da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 –, a MAN busca conquistar uma participação num segmento em que ainda não atua no mercado nacional – onde só vende ônibus com a marca Volkswagen.
 
DAF XF
É mais uma marca que resolveu renovar o seu modelo topo de linha. O XF é um pesado e irá ter sua produção iniciada no segundo trimestre do próximo ano. O design do modelo foi refeito e ele ficou com linhas mais suaves e curvas. Uma dos principais enfoques da fabricante holandesa foi de não aumentar muito o peso do novo caminhão. Apesar de 250 kg extras de equipamentos para deixar o XF de acordo com o Euro 6, ele é só 90 kg mais pesado que a sua antiga geração. A DAF já definiu que o XF será o primeiro modelo produzido na fábrica que está construindo na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Mas não se sabe se já chegará ao Brasil com esse "new look".
 
Ford Transit Custom
É a variante ainda mais comercial da Transit. Ela é maior, mais alta e tem jeito de furgão. A grade dianteira tem formato hexagonal e os faróis são angulosos. Elementos como o interior e a dirigibilidade foram trabalhados pela Ford para aproximá-los da sensação de um carro de passeio. Há porta-objetos no teto na cabine e um painel que lembra os automóveis de passeio da marca. O modelo anterior da Transit foi lançado no Brasil em 2009 e não há previsão sobre sua renovação.
 
Renault Magnum
A Renault Trucks mostra no Salão de Hanover a versão Euro 6 de sua linha de caminhões Magnum. Os modelos incorporam novas tecnologias de economia de combustível, para se adequarem às normas anti-poluição ainda mais rígidas que entrarão em vigor em 2014 em quase toda a Europa. A marca francesa investiu nos motores de 11 e 13 litros, que passam a integrar os sistemas SCR, de filtragem catalítica dos gases do escapamento, com a recirculação dos gases expelidos durante a fase fria de funcionamento dos motores. Só assim eles conseguem atingir as metas estipuladas pela Euro 6. Além disso, o sistema de injeção common-rail de diesel foi aprimorado, para maior precisão. A Renault Trucks é uma das marcas controladas pela sueca Volvo e já é vendida em diversos países latinoamericanos. Sua estreia no Brasil não está descartada.
 
Fiat Dobló Cargo Work-Up
A Fiat leva à mostra alemã o Doblò Work Up, uma inusitada versão picape do furgão – que na Europa já está na geração seguinte à vendida no Brasil. O modelo tem capacidade para até uma tonelada na caçamba. Tem as laterais da traseira em alumínio e o fundo em aço antiderrapante. Os motores são 1.4 ou 1.6 litro Multijet diesel, com 90 cv e 106 cv, respectivamente.
 
Citroën Berlingo Eletric
A Citroën exibe em Hanover sua solução mais eficiente para o transporte de cargas leves. O Berlingo elétrico tem capacidade para 675 kg e 4,1 m³ na parte traseira. É empurrado por um motor elétrico de 69 cv e 20,3 kgfm de torque, alimentado por baterias de 22,5 kWh. A autonomia chega a 170 km e uma recarga a 80% da capacidade pode levar apenas 30 minutos no modo de carga rápida. Normalmente, uma tomada elétrica doméstica é capaz de devolver os 170 km de autonomia ao Berlingo em cerca de 10 horas.
 
Fonte: Motor Drean

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