1 de setembro de 2009

Mercado de vans e furgões tenta superar queda nas vendas com novidades

O segmento de vans e furgões grandes guarda uma peculiaridade no Brasil. São poucos os modelos e marcas que atuam no segmento. Por isso, quando uma montadora faz um movimento, normalmente "empurra" as outras, que tendem a apresentar novidades na sequência. É o que aconteceu nas últimas semanas. A Renault promoveu um "face-lift" na Master, com singelas evoluções técnicas. Em seguida, a Mercedes-Benz lançou uma nova versão da Sprinter, voltada ao uso urbano. Agora, a Fiat apresenta um novo motor no modelo 2010 da Ducato. E a Iveco reserva uma versão elétrica da Daily. Isso sem falar que, meses atrás, no fim de 2008, a Ford passou a importar a Transit, enquanto a CN Auto começou a vender no país a chinesa Topic - nome copiado da van/furgão da extinta marca coreana Asia Motors, que fez sucesso por aqui nos anos 90.Só que mais que meros "movimentos coordenados", as recentes novidades também buscam amenizar a queda nas vendas no ano. De janeiro a julho, o segmento recuou 9% em relação ao mesmo período de 2008, com 14.036 unidades vendidas contra 15.461 emplacamentos no ano passado. Trata-se de uma redução considerável em um segmento de vendas pequenas. No ano passado, por exemplo, foram pouco mais de 22 mil modelos licenciados ou 0,8% dos 2,67 milhões de automóveis e comerciais leves comercializados no país. "É um mercado que tem menos dinâmica, até pelo volume que apresenta. Além disso, o próprio movimento nesse tipo de nicho é mais estratégico que a curto prazo", observa Ricardo Fischer, gerente de marketing de produto da Renault. Não por acaso, a montadora francesa resolveu fazer mais que uma reestilização na Master, que não sofria mudanças desde 2002, ano em que chegou ao mercado. Além de retocar o desenho frontal - para ter a "cara" do modelo europeu -, a Renault adotou o câmbio manual de seis marchas, com a manopla integrada ao painel. Mudanças que prometem favorecer a ergonomia e menor consumo. Este também foi o objetivo que levou a Fiat a aplicar um novo motor na Ducato. O modelo ganha o sufixo Multijet Economy e troca o propulsor 2.8 a diesel por um 2.3, que mantém a potência de 127 cv e promete ser 10% mais econômico. "O cliente de comerciais leves busca a melhor relação custo/benefício, visto que o produto é uma ferramenta de trabalho e o cálculo básico é sobre o retorno do capital investido", sintetiza Antônio Sérgio, Diretor de Veículos Comerciais da Fiat.O segmento de furgões e vans grandes também oferece oportunidades pontuais. Uma das mais recentes é a restrição, por parte da Prefeitura de São Paulo, à circulação de caminhões no perímetro urbano. A "moda" começou a ganhar força em outras cidades brasileiras e a Mercedes-Benz correu para apresentar a Sprinter Street 311 CDI, furgão com 13,4 m3 de capacidade volumétrica e entre-eixos alongado, próprio para transportar pequenas cargas dentro das cidades. "Além de contemplar a restrição aos caminhões, a nova versão Street também pode ser conduzida por motoristas com habilitação B, de carros de passeio", ressalta Sérgio Galhardo, gerente de vendas da linha Sprinter da Mercedes.Tanto Master, quanto Ducato e Sprinter, os três mais vendidos do nicho, recebem novidades num momento oportuno. Depois da chegada da nova geração da Iveco Daily, no início de 2008, a Ford passou a importar a Transit da Turquia, no fim do ano passado. E Citroën Jumper e Peugeot Boxer - que compartilham a plataforma com a Ducato - podem ganhar novidades até o próximo ano. "Vínhamos “namorando” a ideia de trazer a Transit há algum tempo. É um negócio adicional para a montadora e temos uma rede de concessionárias especializada nesse perfil de cliente", reforça Pedro Aquino, gerente de marketing de caminhões da Ford. "Esse é um segmento novo. Os clientes ainda estão definindo o que preferem, se buscam a beleza, a capacidade de carga, o conforto, a economia de combustível, a manutenção, o valor de revenda", enumera Daniel Silveira, engenheiro de vendas da Iveco. Há também os que procuram o menor custo. Nesse aspecto, a Jimbei Topic se mostra imbatível. O modelo importado da China é vendido a partir de R$ 56.800, valor muito abaixo da média dos outros modelos do segmento, com preços entre R$ 80 mil e R$ 100 mil e que miram um cliente que foge dos frotistas. "As vans de marcas tradicionais são quase uma exclusividade de pessoas jurídicas, basicamente comprados por empresas. A Topic é mais acessível, sobretudo para o público autônomo", valoriza Miguel Calmon Gama, diretor executivo da CN Auto. Em um segmento ainda pequeno, cada vantagem tem seu valor.

Muito chão
O mercado brasileiro de vans e furgões grandes quase duplicou de 2005 para cá. Foram 13 mil unidades comercializadas naquele ano contra os 22 mil emplacamentos registrados em 2008. Porém, se comparado ao volume do mercado europeu, ainda há muito o que crescer. Lá, esse segmento supera em mais de dez vezes o tamanho do brasileiro. "Da mesma forma que a relação de veículos de passeio por habitante ainda “engatinha” no Brasil, a utilização de furgões grandes deve crescer bastante ainda, quer seja para transporte de cargas, passageiros e executivos ou para transformações", aposta Antônio Sérgio, Diretor de Veículos Comerciais da Fiat.Mais que crescer nas vendas, porém, a maioria das vans e furgões comercializados aqui oferecem uma enorme variedade de configurações. Só que a utilização desses veículos ainda é muito voltada ao transporte de cargas e de passageiros nos grandes centros urbanos. Enquanto isso, na Europa, vans são utilizadas em diversos propósitos. Servem como veículo particular para executivos em viagens a trabalho, modelos de luxo voltados ao turismo, ambulâncias ou táxis. "Lógico que o mercado brasileiro ganhará sofisticação à medida que crescer. Mas tudo à nossa maneira. Já existe uma demanda muito específica por vans blindadas. E temos empresas que possuem gabarito similar ou igual ao de empresas europeias", conclui Ricardo Ficher, gerente de marketing de produto da Renault.

Aceleradas- A Ford vai exibir uma versão da Transit para executivos entre os dias 26 a 30 de outubro, no 17º Salão Internacional do Transporte - Fenatran. - Em julho de 1993, a extinta fabricante sul-coreana Asia Motors começou a importar para o Brasil a compacta van/furgão Towner e a grande Topic. Os dois veículos fizeram grande sucesso no país, com quase 80 mil unidades vendidas. - A Iveco faz uma versão elétrica conceitual da Daily, desenvolvida em parceria com profissionais da Usina Hidrelétrica de Itaipu. O veículo será um dos destaques da montadora no Fenatran. - A importadora CN Auto começou a trazer a Jimbei Topic no fim de 2008, após exibir o modelo no Salão de São Paulo. O nome foi escolhido propositadamente para reviver a van/furgão da Asia Motors. - Até o início dos anos 90, praticamente não existiam vans e furgões grandes à venda no Brasil. Na época, a veteraníssima Volkswagen Kombi era a opção do nicho. - A sul-coreana Kia começou a importar a van Besta em novembro de 1993. O modelo vinha apenas na configuração para 12 passageiros. Quase sete anos depois, em maio de 2000, a montadora passou a oferecer a Besta GS Grand, com capacidade para 16 passageiros.

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